Adeus, Ano Velho!

dezembro 31, 2020

A cada fim de ano, no fim da tarde do último dia do ano, caminho na praia, antes de começar os festejos, quando tudo está sendo organizado para a festa de Ano Novo e pessoas começam a chegar cedo para reservar seu lugar na areia, e por todos os lados, para garantir sua visão dos fogos incontáveis durante poucos minutos, despedindo-se mais uma vez do Ano Velho, da velhice do Ano, do Tempo, no intervalo de tempo de um ano para o outro, num Entre-Tempo antes do Tempo vir a ser Tempo novamente em seu eterno retorno do mesmo, só que diferente, num Ano Novo!

Quanto tempo dura a passagem de um Tempo para outro Tempo? Para o Tempo devir outro Tempo? O Tempo devir? Se modificar e com ele tudo se modificar plenamente num Novo Tempo, não mais o Velho Tempo de antes? Há tempo no devir do Tempo ao Tempo? Do Ano Velho ao Ano Novo? Me pergunto...

A cada fim de ano, no fim da tarde do último dia do ano, ao caminhar na praia, antes de começar os festejos, quando tudo está sendo organizado para a festa de Ano Novo e pessoas começam a chegar cedo para reservar seu lugar na areia, e por todos os lados, para garantir sua visão dos fogos incontáveis durante poucos minutos, despedindo-se mais uma vez do Ano Velho, da velhice do Ano, do Tempo, no intervalo de tempo de um ano para o outro, num Entre-tempo antes do Tempo vir a ser Tempo novamente em seu eterno retorno do mesmo, só que diferente, num Ano Novo!

É um momento de reflexão, minha, do Tempo, de tudo em si mesmo o que acontece enquanto caminho, enquanto olho as ondas virem sem volta em direção à praia como o Tempo, devindo Tempo, outro Tempo, o Ano Velho num Ano Novo. As ondas que se desfazem na praia são o Tempo transbordando de si mesmo noutro Tempo sem retorno a não ser de outra onda, que vem em seguida, seguida de outra, e mais outra a cada instante como o Tempo, sem retornar, em respiro e respingos. No refluir do mar à terra, reflito sobre o Tempo e o Tempo se reflete na reflexão das ondas em meu pensamento que vêm, nunca voltam, novamente e sempre quando...

A cada fim de ano, no fim da tarde do último dia do ano, caminho na praia, antes de começar os festejos, quando tudo está sendo organizado para a festa de Ano Novo e pessoas começam a chegar cedo para reservar seu lugar na areia, e por todos os lados, para garantir sua visão dos fogos incontáveis durante poucos minutos, despedindo-se mais uma vez do Ano Velho, da velhice do Ano, do Tempo, no intervalo de tempo de um ano para o outro, num Entre-tempo antes do Tempo vir a ser Tempo novamente em seu eterno retorno do mesmo, só que diferente, num Ano Novo!

De tanto olhar as ondas, perco o Tempo, não O vejo passar, Ele passa despercebido como as pessoas a mim em meu caminho, cada uma no seu tempo, passando ora veloz ora lenta, a passos largos ou curtos no tempo, medindo o tempo nos passos que dão, andando ou correndo, ou sem darem passo algum, paradas no Tempo como se o Tempo parasse com elas e permanecesse ali... um tempo. Refluindo em si mesmo, refletindo em si mesmo, pensando no Tempo que passou, o Ano Velho que finda, o Ano Novo que findará um dia, quando estiver Velho no fim do ano como o Ano que já quase passou sem se dar conta que seu tempo passou e outro, o do Ano Novo, já bate à porta querendo entrar e se hospedar por um tempo.

A cada fim de ano, no fim da tarde do último dia do ano, enquanto caminho na praia, antes de começar os festejos, quando tudo está sendo organizado para a festa de Ano Novo e pessoas começam a chegar cedo para reservar seu lugar na areia, e por todos os lados, para garantir sua visão dos fogos incontáveis durante poucos minutos, despedindo-se mais uma vez do Ano Velho, da velhice do Ano, do Tempo, no intervalo de tempo de um ano para o outro, num Entre-tempo antes do Tempo vir a ser Tempo novamente em seu eterno retorno do mesmo, só que diferente, num Ano Novo!

Enquanto olho o mar, as pessoas, tudo em volta, penso, portanto, no Tempo, no Ano Velho e também no Ano Novo, nessa passagem de um Tempo a outro que é do Tempo Mesmo mesmo no Tempo, no Ano, porém, diferente, agora, Novo. Tempo Rejuvenescido e que rejuvenesce a cada ano, Tempo Jovial como os corpos seminus na praia sem se importar para os corpos envelhecidos, que envelhecem, com o Tempo, Ano a Ano, ainda que queiram parecer novos. O Tempo Novo não se preocupa com o Velho, com o envelhecer, é o Tempo do aqui e agora e do agora ou nunca no qual o agora em geral é escolhido, pois o nunca Ã© difícil demais de se escolher. Quem nunca?

A cada fim de ano, no fim da tarde do último dia do ano, caminho na praia, antes de começar os festejos, quando tudo está sendo organizado para a festa de Ano Novo e pessoas começam a chegar cedo para reservar seu lugar na areia, e por todos os lados, para garantir sua visão dos fogos incontáveis durante poucos minutos, despedindo-se mais uma vez do Ano Velho, da velhice do Ano, do Tempo, no intervalo de tempo de um ano para o outro, num Entre-tempo antes do Tempo vir a ser Tempo novamente em seu eterno retorno do mesmo, só que diferente, num Ano Novo!

Quem nunca? Ã© a afirmação de uma escolha pelo agora, o aqui, já, o instante do Tempo que não pode ser perdido, não pode ser esquecido, deve ficar na memória como os Velhos Tempos, estes tempos de todos têm a lembrança quando são velhos como Tempo, envelheceram com Tempo e já não têm mais tempo para nada. Aqueles para os quais o instante do Tempo acabou e o que resta é a lembrança do instante que já não vivem mais, perdidos no Tempo como o Tempo se perdeu para eles sem ser percebido enquanto viviam o instante do aqui e agora e nunca mais. Para aqueles que são velhos, não há tempo a perder, o tempo já foi perdido, há dele apenas uma vaga lembrança que vem com as ondas trazido de alto-mar como um peixe numa rede ou fisgado em anzol e com as histórias de pescador de um Tempo que não sabemos se é de fato um Tempo, Tempo Mítico, de Tempos Atrás, como este que finda enquanto...

A cada fim de ano, no fim da tarde do último dia do ano, caminho na praia, antes de começar os festejos, quando tudo está sendo organizado para a festa de Ano Novo e pessoas começam a chegar cedo para reservar seu lugar na areia, e por todos os lados, para garantir sua visão dos fogos incontáveis durante poucos minutos, despedindo-se mais uma vez do Ano Velho, da velhice do Ano, do Tempo, no intervalo de tempo de um ano para o outro, num Entre-tempo antes do Tempo vir a ser Tempo novamente em seu eterno retorno do mesmo, só que diferente, num Ano Novo!

O Tempo é um pescador que nunca sai do mar, que vem à praia apenas para contar suas histórias de Tempos Atrás. Tempo que traz na rede sua própria história enredada em mil maravilhas, conquistas passadas,  derrotas sofridas, quando tudo se perdia em alto-mar, inclusive Ele. Momentos de altos e baixos e de sobressaltos na vaga das ondas que o Tempo navega sem se importar com o que vem, com o que virá, pois sabe que é sempre para a praia que elas o carregam e, quando não, para o fundo do mar, onde se abisma em si mesmo como Tempo de Escuridão, de Morte, sem morrer na praia...

A cada fim de ano, no fim da tarde do último dia do ano, enquanto caminho na praia, antes de começar os festejos, quando tudo está sendo organizado para a festa de Ano Novo e pessoas começam a chegar cedo para reservar seu lugar na areia, e por todos os lados, para garantir sua visão dos fogos incontáveis durante poucos minutos, despedindo-se mais uma vez do Ano Velho, da velhice do Ano, do Tempo, no intervalo de tempo de um ano para o outro, num Entre-tempo antes do Tempo vir a ser Tempo novamente em seu eterno retorno do mesmo, só que diferente, num Ano Novo!

Perdido em si mesmo, na morte, o Tempo deixa de ser Tempo, transforma-se noutro Tempo, um Tempo inexistente, um tempo que já não passa, permanece, imutável, em si mesmo, sem ser Tempo. É neste momento que paro de pensar no Tempo. Quando já não há mais tempo, nem a perder e nem a ganhar, não há mais história, tudo se perde, tudo se ganha, e tudo se ganha ao se perder, quando o Ano Velho se torna Ano Novo com o morrer do Tempo. Quando matamos o Tempo para ganhar tempo, um pouco mais de tempo de vida e nos despedimos dele como Ano Velho que já não serve mais, indolente, carcomido, de pele enrugada, ressequida, olhos fundos a nos olhar e fazer refletir sobre o Tempo Por Vir, o futuro no qual já não somos mais joviais e o que nos resta é o tempo da morte do Tempo, um instante que não passa jamais como a...

A cada fim de ano, no fim da tarde do último dia do ano, quando caminho na praia, antes de começar os festejos, quando tudo está sendo organizado para a festa de Ano Novo e pessoas começam a chegar cedo para reservar seu lugar na areia, e por todos os lados, para garantir sua visão dos fogos incontáveis durante poucos minutos, despedindo-se mais uma vez do Ano Velho, da velhice do Ano, do Tempo, no intervalo de tempo de um ano para o outro, num Entre-tempo antes do Tempo vir a ser Tempo novamente em seu eterno retorno do mesmo, só que diferente, num Ano Novo!

Quando olhamos o Tempo de frente em sua velhice como um Ano Velho é a nossa mortalidade o que vemos, isto é, a nossa morte num determinado Tempo o qual já não sabemos qual é, que não pode ser refletido, que não é Tempo senão em si mesmo, um Tempo pensado por nós como Tempo. Um tempo que é do Entre-tempo do Tempo de uma vida a outra, de um Tempo de Vida a outro que esperamos ter novamente noutro Tempo, no Ano Novo depois da morte do Ano Velho. Neste Entre-tempo do Tempo nos despedimos da Vida Velha que vivemos saudando a Vida Nova que com o Ano Novo vem a nós noutro Tempo a entrar nos pulmões com o respiro do mar benzendo o corpo e fazendo orações com suas ondas na terra e em nossos pés à beira-mar ou em qualquer lugar que o Ano Novo chegue com Tempo a vagar.

A cada fim de ano, no fim da tarde do último dia do ano, como quando caminho na praia, antes de começar os festejos, quando tudo está sendo organizado para a festa de Ano Novo e pessoas começam a chegar cedo para reservar seu lugar na areia, e por todos os lados, para garantir sua visão dos fogos incontáveis durante poucos minutos, despedindo-se mais uma vez do Ano Velho, da velhice do Ano, do Tempo, no intervalo de tempo de um ano para o outro, num Entre-tempo antes do Tempo vir a ser Tempo novamente em seu eterno retorno do mesmo, só que diferente, num Ano Novo!

Adeus, Ano Velho! Dizemos em despedida do Ano, do Tempo, de nós mesmos no Tempo, envelhecidos e assim me despeço do Tempo, do Ano, de Mim, na praia, olhando da terra o Tempo que virá do mar para lhe saudar e me saudar mais uma vez. Praia que é o umbral de um Tempo a outro, o Tempo do Mar para o Tempo da Terra, e desta para aquele, onde muitos fazem suas despedidas de fim de ano, ao se banhar no Entre-Tempo Ã  espera do Ano Novo, de um Novo Tempo chegar, entrar, acolhendo-o como o acolho como hóspede hoje, longe do mar, em minha morada, em meu corpo e alma desejando um Feliz Ano Novo! para mim, para todos como... 

A cada fim de ano, no fim da tarde do último dia do ano, caminhando na praia, antes de começar os festejos, quando tudo está sendo organizado para a festa de Ano Novo e pessoas começam a chegar cedo para reservar seu lugar na areia, e por todos os lados, para garantir sua visão dos fogos incontáveis durante poucos minutos, despedindo-se mais uma vez do Ano Velho, da velhice do Ano, do Tempo, no intervalo de tempo de um ano para o outro, num entre-tempo antes do Tempo vir a ser Tempo novamente em seu eterno retorno do mesmo, só que diferente, num Ano Novo!





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