A esperança ainda não venceu o medo
Todo o medo contra o qual o PT lutou em 2002 para vencer com a esperança de mudar o país voltou à tona nos últimos anos fazendo surgir nas pessoas uma nova esperança. Contudo, a esperança de muitos pela queda do PT, pelo fim da corrupção do país que o PT criou, com o fim da crise política e econômica que o PT produziu, enfim, com tudo que é de ruim que somente o PT parece ter produzido nos últimos anos, esta esperança é o produto muito mais do medo contra o qual o PT lutou e muitos lutaram com ele do que do desejo de um país mais justo como se esperava há 14 anos.
Quem já assistiu V de Vingança sabe como todo e qualquer governo autoritário se impõe: pelo medo. E o que vemos no Brasil mais crescer nos últimos anos é senão um medo injustificável na maioria das vezes contra o PT, ainda mais injustificável por se tratar de um partido cuja alcunha é ser o Partido dos Trabalhadores. Contudo, em vários lugares e em São Paulo, estado brasileiro no qual se concentra o maior número de trabalhadores, o PT não é bem quisto como partido que defende os trabalhadores. Isto não seria um problema se outro partido de esquerda tomasse seu lugar, mas o que vemos crescer cada vez mais e São Paulo é um termômetro para isto é a defesa incondicional de partidos que não são de esquerda, ou seja, de partidos que não tem uma perspectiva social arraigada em seu bojo, e que hoje são aqueles nos quais os trabalhadores acreditam.
A crise política que a queda do PT nos últimos anos tem produzido é muito maior do que a crise política que o PT produziu com seus escândalos de corrupção. Ao se olhar para o que é a Câmara dos Deputados hoje presidida por Eduardo Cunha, um político comprovadamente corrupto que é defendido por diversos partidos políticos conservadores para promover o impeachment, pode-se perceber o que a queda do PT tem produzido de modo nítido. De um lado, partidos que querem se aproveitar desta queda para se alçarem ao poder com a deposição da presidente fazendo crescer o medo na população com toda a crise política econômica que de fato existe no país e ninguém seria tolo de negar isto hoje, nem o PT.
Contudo, a crise não é um problema maior do que o medo que se produz com ela e os partidos que já se aproveitam dela para veicular suas propagandas partidárias como solução à crise se aproveitam do medo das pessoas como o governante Adam Sutler no filme V de Vingança. Em geral, partidos menores que não têm nenhuma expressividade política se aproveitam da crise para alastrarem o medo na população criando assim a perspectiva de que com eles eleitos, tudo será diferente. Nada mais condizente com a sua pequenez política do que utilizarem o discurso contra a crise política e econômica que o PT produziu para ganharem mais poder e, óbvio, mais dinheiro.
Sabe-se que a pequenez destes partidos nunca os levará ao poder, senão a apenas cargos de subserviência partidária em relação aos partidos maiores como acontece frequentemente no país. E, neste sentido, o discurso do medo que eles colocam em relação à crise não beneficia obviamente a eles próprios somente, mas a partidos maiores com os quais eles se conchavam para obterem o poder. Há sempre um peixe maior na história querendo abocanhar os outros e, neste caso, os partidos maiores sempre abocanham os menores que acabam por ajudar os maiores disseminando o que estes querem. Assim instalam o medo na mente e corações das pessoas e estas com tanto medo do PT como tem do boi da cara preta quando criança passam a acreditar que estes partidos maiores são a esperança para o país neste momento.
Afora a oposição declarada ao PT por meio da crise política e econômica criada por ele, a queda do PT tem produzido um problema maior ainda também porque com ela, vê-se crescer mais do que um discurso contra o PT, mas um discurso contra tudo que ele representava para muitos em sua primeira eleição. No caso, um discurso contra as minorias que ele defendia e que são cada vez mais oprimidas por uma bancada do boi, da bala e da Bíblia na Câmara dos Deputados formada por partidos políticos que não querem o poder político burocrático, mas um poder político social através da terra, os ruralistas, através da bala, os militaristas, e através da bíblia, os religiosos. Estes partidos produzem um medo micropolítico imperceptível para muitos, mas que é preciso ter em conta, pois as consequências são mais nefastas do que as produzidas por partidos que anseiam apenas por um poder burocrático que lhe dê status de "bom cidadão" e fórum privilegiado para seus benefícios ilícitos.
A terra não é importante para quem mora nos arranha-céus das cidades grandes e tão pouco eles temem perdê-la, mas ela é disputada ainda a ferro e fogo por muitos dos políticos da bancada ruralista contra índios e pequenos agricultores que eles querem retirar de suas terras ou querem explorar e não conseguem, pelo menos não legalmente. Por isso precisam da bancada da bala, para fazer valer leis que permitam o uso de armas com as quais eles possam obter as terras que querem em legítima defesa. Mas também precisam da bancada da Bíblia já que eles não podem matar sem contrariar os desígnios de Deus e precisam da aprovação Dele para justificarem seus atos sem precisarem pedir perdão, já que com Deus ao seu lado e armas ninguém pode então ir contra eles.
O temor da bala para quem mora na cidade é mais importante do que o temor por perder a terra e os partidos políticos que defendem o porte de armas se aproveitam deste temor para ironicamente promover ainda mais armas, balas e temor com pessoas sem nenhum preparo para utilizar armas e psicologicamente incapazes para manusear uma, como muitos policiais que mesmo com todo o treinamento que possuem matam inocentes. Os militaristas querem mais armas nas ruas para a população ser defendida, contudo, o que armas produzem não é segurança, é medo, um medo de morrer constante, a qualquer espreita, como o que sentem policiais todos os dias quando saem de casa. Quem assistiu Tropa de Elite sabe o quanto o medo domina um policial ao ponto dele não confiar em ninguém, não saber quem é seu inimigo e como o medo produz paranoias e violência.
Para vender armas é preciso vender o medo, é preciso que o medo seja comprado pelas pessoas antes das armas, por isso, não por acaso os maiores militaristas não são militares, mas apresentadores de programas de televisão que produzem constantemente o medo nas pessoas com suas cenas de horror dos crimes que acontecem. Muitas vezes são crimes de menor intensidade, sem temor tão grande, mas que eles procuram fazer o máximo possível para a pessoa temer ao extremo com seu tom de voz agressivo, fazendo cada vez mais uma apologia ao medo e, a partir deste, à necessidade da população se defender contra tudo que eles mostram. Em outras palavras, que as pessoas mesmo que nunca comprem armas, comprem o medo e, ao comprarem o medo, comprem pelo menos a necessidade de que alguém ande armado para as defender, caso ela não tenha coragem de usar uma arma. Conjuntamente ao medo das armas, porém, estando um medo social em relação àqueles que são pobres e negros que convivem diariamente com os bandidos armados sem poderem se defender deles, mas convivem com eles e são confundidos com eles, pois não podem se armar e não há policiais que os defenda, só os mate pois são considerados "bandidos" como os outros por sua condição social no meio do tiroteio entre bandidos e mocinhos.
Nada mais comum na história da humanidade do que ao lado de armas estarem livros sagrados, e nada mais comum hoje em dia que diversos livros sagrados, isto é, livros que contém a Palavra de Deus contenham também a defesa de armas para defender a fé em Deus, ainda que metaforicamente, e as armas sejam apenas "palavras". Porém, não há medo sem palavras e os militaristas sabem disso, por isso o discurso de medo vindo dos ruralistas contra os indígenas e contra os pequenos produtores soa bem aos ouvidos dos militaristas na cidade e ecoa fortemente na boca dos religiosos ganhando cada vez mais força. Tanto ruralistas como militaristas sabem que não há medo maior na mente dos religiosos do que o medo de Deus, do que Deus pode fazer com eles, um medo que é um temor e tremor como explicou muito bem Kirkegaard, um temor inexplicável em muitos casos que estimula muitos religiosos a fazerem coisas que somente são explicáveis senão pela fé em Deus, como o desejo de matar pessoas que não acreditam no seu Deus ou não fazem o que Ele manda.
O medo que os religiosos tem por Deus alimenta o medo cotidiano em relação a tudo que não é de Deus. Assim, todos os problemas sociais e políticos se convertem num temor de que o que está acontecendo no país é causado por um demônio que está presente nas pessoas que não veneram a Deus, pessoas que não são "cidadãs de bem". No caso, pessoas que não são da igreja, seja ela qual for em sua denominação, e, logo, não agem como elas, não vivem como elas os desígnios de Deus. Por sua vez o medo pela crise do país não é um medo pelo que o país passa política e economicamente, mas o medo pelo que as pessoas estão se tornando no país, ou se está estimulando que sejam, no caso, o medo daqueles que não seguem a cartilha de Deus e assinam a alcunha de heterossexual.
Diante de tudo isto, vê-se como a esperança que o PT produziu com sua eleição ao defender indígenas, pequenos produtores rurais, pobres das cidades, minorias sexuais e raciais, tem se esvaído nos últimos anos com a sua queda politicamente. Que o PT caia, não é um problema de fato, mas que toda a esperança de melhoria social e de um país mais justo seja depositada em partidos políticos que se apoiam cada vez mais no medo que produzem na população, isto é um problema não apenas de fato, como de direito, pois é o direito à liberdade que está sendo destruído pouco a pouco pelo medo das pessoas. E não há liberdade sem que se perca o medo e a esperança ainda não venceu o medo no Brasil.
Quem já assistiu V de Vingança sabe como todo e qualquer governo autoritário se impõe: pelo medo. E o que vemos no Brasil mais crescer nos últimos anos é senão um medo injustificável na maioria das vezes contra o PT, ainda mais injustificável por se tratar de um partido cuja alcunha é ser o Partido dos Trabalhadores. Contudo, em vários lugares e em São Paulo, estado brasileiro no qual se concentra o maior número de trabalhadores, o PT não é bem quisto como partido que defende os trabalhadores. Isto não seria um problema se outro partido de esquerda tomasse seu lugar, mas o que vemos crescer cada vez mais e São Paulo é um termômetro para isto é a defesa incondicional de partidos que não são de esquerda, ou seja, de partidos que não tem uma perspectiva social arraigada em seu bojo, e que hoje são aqueles nos quais os trabalhadores acreditam.
A crise política que a queda do PT nos últimos anos tem produzido é muito maior do que a crise política que o PT produziu com seus escândalos de corrupção. Ao se olhar para o que é a Câmara dos Deputados hoje presidida por Eduardo Cunha, um político comprovadamente corrupto que é defendido por diversos partidos políticos conservadores para promover o impeachment, pode-se perceber o que a queda do PT tem produzido de modo nítido. De um lado, partidos que querem se aproveitar desta queda para se alçarem ao poder com a deposição da presidente fazendo crescer o medo na população com toda a crise política econômica que de fato existe no país e ninguém seria tolo de negar isto hoje, nem o PT.
Contudo, a crise não é um problema maior do que o medo que se produz com ela e os partidos que já se aproveitam dela para veicular suas propagandas partidárias como solução à crise se aproveitam do medo das pessoas como o governante Adam Sutler no filme V de Vingança. Em geral, partidos menores que não têm nenhuma expressividade política se aproveitam da crise para alastrarem o medo na população criando assim a perspectiva de que com eles eleitos, tudo será diferente. Nada mais condizente com a sua pequenez política do que utilizarem o discurso contra a crise política e econômica que o PT produziu para ganharem mais poder e, óbvio, mais dinheiro.
Sabe-se que a pequenez destes partidos nunca os levará ao poder, senão a apenas cargos de subserviência partidária em relação aos partidos maiores como acontece frequentemente no país. E, neste sentido, o discurso do medo que eles colocam em relação à crise não beneficia obviamente a eles próprios somente, mas a partidos maiores com os quais eles se conchavam para obterem o poder. Há sempre um peixe maior na história querendo abocanhar os outros e, neste caso, os partidos maiores sempre abocanham os menores que acabam por ajudar os maiores disseminando o que estes querem. Assim instalam o medo na mente e corações das pessoas e estas com tanto medo do PT como tem do boi da cara preta quando criança passam a acreditar que estes partidos maiores são a esperança para o país neste momento.
Afora a oposição declarada ao PT por meio da crise política e econômica criada por ele, a queda do PT tem produzido um problema maior ainda também porque com ela, vê-se crescer mais do que um discurso contra o PT, mas um discurso contra tudo que ele representava para muitos em sua primeira eleição. No caso, um discurso contra as minorias que ele defendia e que são cada vez mais oprimidas por uma bancada do boi, da bala e da Bíblia na Câmara dos Deputados formada por partidos políticos que não querem o poder político burocrático, mas um poder político social através da terra, os ruralistas, através da bala, os militaristas, e através da bíblia, os religiosos. Estes partidos produzem um medo micropolítico imperceptível para muitos, mas que é preciso ter em conta, pois as consequências são mais nefastas do que as produzidas por partidos que anseiam apenas por um poder burocrático que lhe dê status de "bom cidadão" e fórum privilegiado para seus benefícios ilícitos.
A terra não é importante para quem mora nos arranha-céus das cidades grandes e tão pouco eles temem perdê-la, mas ela é disputada ainda a ferro e fogo por muitos dos políticos da bancada ruralista contra índios e pequenos agricultores que eles querem retirar de suas terras ou querem explorar e não conseguem, pelo menos não legalmente. Por isso precisam da bancada da bala, para fazer valer leis que permitam o uso de armas com as quais eles possam obter as terras que querem em legítima defesa. Mas também precisam da bancada da Bíblia já que eles não podem matar sem contrariar os desígnios de Deus e precisam da aprovação Dele para justificarem seus atos sem precisarem pedir perdão, já que com Deus ao seu lado e armas ninguém pode então ir contra eles.
O temor da bala para quem mora na cidade é mais importante do que o temor por perder a terra e os partidos políticos que defendem o porte de armas se aproveitam deste temor para ironicamente promover ainda mais armas, balas e temor com pessoas sem nenhum preparo para utilizar armas e psicologicamente incapazes para manusear uma, como muitos policiais que mesmo com todo o treinamento que possuem matam inocentes. Os militaristas querem mais armas nas ruas para a população ser defendida, contudo, o que armas produzem não é segurança, é medo, um medo de morrer constante, a qualquer espreita, como o que sentem policiais todos os dias quando saem de casa. Quem assistiu Tropa de Elite sabe o quanto o medo domina um policial ao ponto dele não confiar em ninguém, não saber quem é seu inimigo e como o medo produz paranoias e violência.
Para vender armas é preciso vender o medo, é preciso que o medo seja comprado pelas pessoas antes das armas, por isso, não por acaso os maiores militaristas não são militares, mas apresentadores de programas de televisão que produzem constantemente o medo nas pessoas com suas cenas de horror dos crimes que acontecem. Muitas vezes são crimes de menor intensidade, sem temor tão grande, mas que eles procuram fazer o máximo possível para a pessoa temer ao extremo com seu tom de voz agressivo, fazendo cada vez mais uma apologia ao medo e, a partir deste, à necessidade da população se defender contra tudo que eles mostram. Em outras palavras, que as pessoas mesmo que nunca comprem armas, comprem o medo e, ao comprarem o medo, comprem pelo menos a necessidade de que alguém ande armado para as defender, caso ela não tenha coragem de usar uma arma. Conjuntamente ao medo das armas, porém, estando um medo social em relação àqueles que são pobres e negros que convivem diariamente com os bandidos armados sem poderem se defender deles, mas convivem com eles e são confundidos com eles, pois não podem se armar e não há policiais que os defenda, só os mate pois são considerados "bandidos" como os outros por sua condição social no meio do tiroteio entre bandidos e mocinhos.
Nada mais comum na história da humanidade do que ao lado de armas estarem livros sagrados, e nada mais comum hoje em dia que diversos livros sagrados, isto é, livros que contém a Palavra de Deus contenham também a defesa de armas para defender a fé em Deus, ainda que metaforicamente, e as armas sejam apenas "palavras". Porém, não há medo sem palavras e os militaristas sabem disso, por isso o discurso de medo vindo dos ruralistas contra os indígenas e contra os pequenos produtores soa bem aos ouvidos dos militaristas na cidade e ecoa fortemente na boca dos religiosos ganhando cada vez mais força. Tanto ruralistas como militaristas sabem que não há medo maior na mente dos religiosos do que o medo de Deus, do que Deus pode fazer com eles, um medo que é um temor e tremor como explicou muito bem Kirkegaard, um temor inexplicável em muitos casos que estimula muitos religiosos a fazerem coisas que somente são explicáveis senão pela fé em Deus, como o desejo de matar pessoas que não acreditam no seu Deus ou não fazem o que Ele manda.
O medo que os religiosos tem por Deus alimenta o medo cotidiano em relação a tudo que não é de Deus. Assim, todos os problemas sociais e políticos se convertem num temor de que o que está acontecendo no país é causado por um demônio que está presente nas pessoas que não veneram a Deus, pessoas que não são "cidadãs de bem". No caso, pessoas que não são da igreja, seja ela qual for em sua denominação, e, logo, não agem como elas, não vivem como elas os desígnios de Deus. Por sua vez o medo pela crise do país não é um medo pelo que o país passa política e economicamente, mas o medo pelo que as pessoas estão se tornando no país, ou se está estimulando que sejam, no caso, o medo daqueles que não seguem a cartilha de Deus e assinam a alcunha de heterossexual.
Diante de tudo isto, vê-se como a esperança que o PT produziu com sua eleição ao defender indígenas, pequenos produtores rurais, pobres das cidades, minorias sexuais e raciais, tem se esvaído nos últimos anos com a sua queda politicamente. Que o PT caia, não é um problema de fato, mas que toda a esperança de melhoria social e de um país mais justo seja depositada em partidos políticos que se apoiam cada vez mais no medo que produzem na população, isto é um problema não apenas de fato, como de direito, pois é o direito à liberdade que está sendo destruído pouco a pouco pelo medo das pessoas. E não há liberdade sem que se perca o medo e a esperança ainda não venceu o medo no Brasil.
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