O jornalismo e a desconstrução do Brasil


A Folha de São Paulo, um dos principais jornais do Brasil, tem uma grande preocupação com a desconstrução do Brasil. Há exatos 21 anos, em 30 de novembro de 1999, ela publicava uma opinião editorial na qual alertava exatamente para isto no seu título Desconstrução do Brasil. Em 27 de dezembro de 2016, publicou a opinião de Bresser-Pereira chamando novamente a atenção para A desconstrução do Brasil e, para comemorar os 21 anos desta desconstrução anunciada do Brasil que, enfim, se realiza, em 20 de novembro de 2020, publicou a opinião de Reinaldo Azevedo de que Bolsonaro cumpre promessa e desconstrói o Brasil. A questão é: por que a Folha de São Paulo teme tanto "a desconstrução do Brasil"? Mais ainda, por que muitos, assim como ela, temem isso politicamente? E por que Bolsonaro, sem saber com certeza o que fala, assim como Reinaldo e a Folha de São Paulo não sabem, diz para o temor de Reinaldo que: "O Brasil não é um terreno aberto onde nós pretendemos construir coisas para o nosso povo. Nós temos é que desconstruir muita coisa."?

A Folha de São Paulo não é o único jornal a gostar de trazer a boca, isto é, ao texto, a palavra "desconstrução". Há muito tempo se fala de desconstrução no Brasil, em particular em São Paulo, desde a primeira publicação da primeira tradução da Gramatologia (1967), de Jacques Derrida, em 1973, a partir do qual o termo desconstrução se tornou conhecido e, ao mesmo tempo, desconhecido, pelos inúmeros mal entendidos como os da Folha de São Paulo, mas também do Estadão, em particular no artigo de opinião Política da desconstrução, da filósofa Maria Sylvia Carvalho Franco, da USP e Unicamp, que resume filosoficamente o desconhecimento da desconstrução associando-a à destruição do outro em sua língua, linguagem, mas também em seus direitos e em sua vida, quando é justamente isto o que a desconstrução busca evitar. E este é sendo o mal entendido e o desconhecimento em relação à desconstrução, pensá-la como igual à destruição, falar de desconstrução querendo dizer destruição, como acontece nas três opiniões publicadas pela Folha de São Paulo sobre a desconstrução do Brasil, que é não é o único a se desconstruir, segundo ela, pois há também A desconstrução da Europa, segundo Demétrio Magnoli, alardeada em 2005, e em 2019 novamente com o mesmo título A desconstrução da Europa, no jornal Estadão.

Em todos estas reportagens e em tantas outras nas quais se anuncia a desconstrução o sentido é o mesmo, idêntico, um só, apesar dos diferentes contextos de cada texto: a destruição, em particular a desconstrução política do Estado nação ou, no caso Europeu, dos Estados nações reunidos numa comunidade. É o terror e com temor que se anuncia a desconstrução como destruição nos jornais segundo o costume muito usual deles de tornarem uma notícia urgente! fazendo todos se preocuparem com isso. E devemos realmente nos preocupar, pois a desconstrução anunciada como destruição não existe a não ser como mentira ou fake news produzida pelos jornais para venderem mais com o temor de seus leitores e, se existe, como diz comemorativamente Reinaldo Azevedo dizendo que Bolsonaro conseguiu desconstruir o Brasil, uma promessa antiga, desde 1999, isso, verdadeiramente, não é nenhum problema, pois é senão a solução para muitos problemas no Brasil e, quiçá, no mundo, pois, de fato, sim, o Brasil precisa ser desconstruído, mas não como pensam Bolsonaro, Reinaldo, Bresser, a Folha de São Paulo, o Estadão e todos que aprendem a falar da desconstrução a partir de folhetins em vez de lerem os livros de Derrida para tentarem entender o que diz com este signo que, ele sabe, é difícil de ser compreendido e ele mesmo tenta compreender durante toda sua vida em sua obra.

A desconstrução do Brasil anunciada pela Folha de São Paulo há tanto tempo e comemorando este ano 21 anos, enfim, se concretizou segundo Reinaldo Azevedo, ao concordar com Bolsonaro, dizendo que "Ele está desconstruindo o Brasil." Infelizmente, não, pois se tem alguém que é incapaz de desconstruir o Brasil é Bolsonaro e Reinaldo Azevedo é incapaz de reconhecer isto, como é incapaz de reconhecer isto a Folha de São Paulo desde 1999, quando publicou a opinião-editorial Desconstrução do Brasil se referindo à crise econômica política pela qual o país estava passando. Apesar do título da opinião editorial, não se fala nada sobre a desconstrução, mas não é preciso dizer, pois tanto quem escreve como quem lê, partilha seu sentido que é o de uma destruição como se pode perceber na análise negativa feita sobre a economia política no Brasil:
O governo federal tem procurado estimular o setor com medidas tópicas, mas por trás da crise está um conjunto de fatores de caráter mais estrutural. É aguda a falta de recursos do Estado; a perda de renda da população golpeia as pequenas obras.
A "desconstrução do Brasil" é a crise econômica e política pela qual o país passa em 1999 com a desvalorização do real no início do ano logo após a reeleição de Fernando Henrique Cardoso e para a qual são apontadas algumas possibilidades de se escapar dela ou de "reconstrução" do Brasil, podemos dizer. Segundo o texto, a crise pode ser resolvida com investimento público na área de construção civil, por exemplo, e uma "política de desenvolvimento" realizada de modo "sistemático" que é impedida pela "falta de recursos do Estado", a "perda de renda da população" por mais que as "privatizações" possam "ter requerido maior eficiência e corte de quadros das construtoras". O que se lamenta e se reclama no jornal é o fato da economia política do Brasil estar sendo destruída, mas em vez de destruição, uma palavra muito temerosa, é colocada desconstrução em seu título que se considera, porém, com o mesmo significado. O que se pretende com este título é, por assim dizer, revelar a destruição do Brasil e, neste sentido, evitá-la, como pretende a desconstrução de fato, mas o que se revela no texto é que a desconstrução é uma destruição do país confundindo-se, pela primeira vez desconstrução e destruição na Folha de São Paulo, pelo menos até onde foi possível datar.

Em 27 de dezembro de 2016, outra Opinião da Folha de São Paulo, não mais como editorial e agora assinada por Luiz Carlos Bresser-Pereira, "professor emérito da Fundação Getulio Vargas" que "Foi ministro da Fazenda (governo Sarney), da Administração e Reforma do Estado e da Ciência e Tecnologia (governo FHC)", o título se repete de modo diferente: "A desconstrução do Brasil". A diferença produzida pelo A é digna de nota por tudo o que o A representa num discurso que é a ênfase de uma autoridade e de uma verdade dada ao discurso como não sendo qualquer discurso, mas O discurso, em referência à verdade dele, e, neste sentido, O e não apenas definem algo, eles querem dizer que o que se diz é a verdade, que o discurso é verdadeiro. Deste modo, não é de modo indireto, oculto e implícito que a desconstrução é considerada uma destruição neste texto, pois o A anteposto a ela quer dizer que o que acontece, de fato, é a desconstrução do Brasil, ou, pelo menos, o que pensa Luiz Carlos Bresser-Pereira e a Folha de São Paulo.

Novamente o sentido é o mesmo assim como é o mesmo discurso econômico político que busca revelar por meio de uma opinião a desconstrução/destruição do Brasil que não mudou nada desde o governo FHC e desde antes dele, mesmo que de 1999 a 2016 o Brasil tenha mudado da direita para a esquerda, com a retomada política econômica do país no governo de Luiz Inácio Lula da Silva. Um crescimento político que até então não se tinha visto se mantendo em parte mesmo com a crise de 2008, como foi noticiado em 2010 na reportagem "FGV: 'Era Lula' foi melhor fase da economia brasileira dos últimos 30 anos", segundo estudo da Fundação Getúlio Vargas com a participação do ex-presidente do Banco Central, Affonso Celso Pastore, e mais de seis economistas. Porém, para Bresser-Pereira, que talvez tenha escrito sem assinar a opinião editorial da Folha de São Paulo em 1999, não houve mudança econômica política e tão pouco do sentido de desconstrução como destruição explicitado logo no início do seu texto:
A história das nações é uma história de construção política, mas hoje minha sensação dolorosa é a de que estamos desconstruindo o Brasil. 
Desde 1980 a economia brasileira cresce pouco mais de 1% ao ano, per capita; nos dois últimos anos essa renda caiu cerca de 8,4%; o desemprego alcança índices inimagináveis; os resultados decepcionantes do PIB trimestral e da indústria sugerem que a recessão se estenderá por mais um ano.
Segundo Bresser, o problema não foi produzido pelo governo Lula que apenas deu continuidade à política econômica do "regime liberal conservador" de FHC, sendo beneficiado pelo "excedente produzido pelo boom de commodities para aumentar o salário mínimo e as transferências aos pobres". Segundo ele, de 1980 a 2016,
O baixo crescimento está associado ao regime econômico liberal-conservador instaurado pelas "reformas": abertura comercial e financeira de 1990-92, as desnacionalizações e privatizações de 1995 e o "tripé macroeconômico" de 1999.
Lula, o PT e a esquerda no Governo Federal não fizeram mais do que aprofundar a crise do Brasil por ter feito igual a FHC e por ter, incrivelmente, igualado os "beneficiados do sistema" aos "pobres", pois
rentistas e financistas, que já eram os grandes beneficiados do sistema, continuaram a sê-lo, mas agora a eles se juntavam os pobres.
Bresser resume deste modo a "sensação dolorosa" da desconstrução/destruição do Brasil que produziu nos anais da História do Brasil recente a Revolta da Classe Média, de 2013, que aconteceu, óbvio, primeiramente em São Paulo, tão sensível à desconstrução, ocasionada pelo acréscimo de 50 centavos nas passagens de ônibus e logo se estendeu no Brasil em defesa de uma educação, saúde, segurança e, sobretudo, contra o Dilma, o PT e a esquerda então no poder. O grande problema, segundo Bresser, é que a classe média paulistana foi esquecida pela política econômica dos "conservadores liberais" da direita de FHC e PSDB, bem como os da esquerda de Dilma, Lula e o PT que deram continuidade a esta política econômico, motivo pelo qual a classe média, diz Bresser,  "fletiu para a direita liberal" (grifo meu). Uma flexão sem reflexão alguma sobre a economia política, podemos dizer, tanto da classe média quanto de Bresser-Pereira que em sua opinião jornalística, inaugura senão, a estranha igualdade de conservadores (nos costumes políticos) e liberais (na economia), a ainda mais estranha igualdade de rentistas-financistas e pobres e a igualdade da direita e da esquerda nos governos de FHC do PSDB e Lula e Dilma do PT. 

A "sensação dolorosa" de Bresser e da classe média revoltada de 2013 aos dias atuais de que "estamos desconstruindo o Brasil" é, por assim dizer, de ter sido espremida pela igualdade dos extremos que, bem entendido, deixam de ser extremos quando são igualados numa linha reta contínua de um lado a outro sem qualquer diferenciação entre eles, isto é, em oposição. Se os extremos são iguais, podemos nos perguntar então, onde fica o meio?, e este é o motivo da revolta da classe média, que se vê descolada do seu centro de poder quando os extremos coincidem política e economicamente. O problema é que se, como diz Bresser, foi o PSDB com seu "regime conservador liberal" que levou à crise do Brasil e à revolta da classe média, foi para o PSDB que a classe média revoltada fletiu visto como "direita liberal" e não mais conservadora contra contra Dilma, o PT e a esquerda nas eleições de 2014, promovendo depois delas o golpe de 2016 levando o Brasil ao que Bresser chama de "ortodoxia liberal", que, para ele, não tem mais relação com o conservadorismo, mesmo que ortodoxia signifique em qualquer dicionário o pior dos conservadorismo, o dogmático, e diga, assim, o contrário de sua opinião jornalística fundamentada na verdade dos fatos econômicos políticos, mas sabemos bem como o jornalismo flexiona a língua para informar e deformar os fatos.

O pensamento de Bresser-Pereira no fim de 2016 ilustra bem o pensamento dominante expresso atualmente nos jornais de São Paulo e, em particular da Folha de São Paulo, tão preocupada com a desconstrução do Brasil. Trata-se de um pensamento que tem por objetivo destruir a oposição econômica política da esquerda desde a eleição de Lula e que culminou no golpe dado pelo parlamento brasileiro ao julgar criminalmente Dilma Rousseff sem provas para isto, já que foi inocentada durante o processo e depois como se pode perceber nas reportagens do Senado Federal, "Presidente Dilma não cometeu qualquer crime que justifique o impeachment, afirmam juristas", do Jornal Nacional, "Perícia conclui que Dilma não participou de pedaladas fiscais" e da Carta Capital "Um ano após o impeachment, a verdade em conta-gotas". É interessante notar que a destruição da oposição não foi feita por quem estava no governo como acontece em ditaduras e tiranias que excluem qualquer possibilidade de oposição ao matar quem se opõe ao regime, como aconteceu no Brasil a partir do golpe de Estado em 1964 até 1980. As semelhanças entre o golpe de 1964 e o de 2016 não são coincidências, pois ambos foram dados por aqueles que não aceitaram o resultado das urnas e resolveram assumir o poder à força por meio da violência ilegalmente no primeiro momento e, de modo legal, num segundo momento, ao utilizarem Atos Institucionais no caso dos ditadores militares e a lei do impeachment no caso dos políticos de direita para promoverem uma mudança no poder sem ser democrática. Pois dizer que o impeachment é legal não quer dizer que ele não possa ser utilizado como golpe na medida em que as forças contrárias ao governo se unem para derrubar o governo considerado "não popular" por meio de pesquisas mesmo que tenha sido eleito de forma popular por meio de uma eleição, a única forma de se admitir a retirada de alguém no poder democraticamente.

O impeachment de Dilma fortalecido por reportagens de jornais da época reforçam, porém, não apenas a destruição de uma oposição específica, a do PT, da esquerda e de todos que fazem parte de uma esquerda, mas a destruição de toda e qualquer oposição como aconteceu nas eleições de 2018 quando para fugir à oposição entre PT e PSDB, no primeiro turno, e depois à oposição do PT no segundo turno, Bolsonaro foi eleito. Se PT e PSDB eram os opostos políticos a serem combatidos em 2018, posteriormente, estes opostos passaram a ser o PT e o bolsonarismo, e como este representa a extrema direita, o PT foi visto como "extrema esquerda", mesmo que o PT não tenha demonstrado qualquer radicalismo, nem mesmo quando foi deposto do poder em 2016. Porém, o discurso opinião de Bresser-Pereira se tornou o discurso opinião atual de uma direita que, não tendo conseguido o poder depois do golpe de 2016, busca ainda o poder não de modo extremo depois do golpe, mas ocupando o que é chamado pela Folha de São Paulo de Centro ou Centrão, no caso, buscando ocupar o lugar vazio de Bolsonaro ao se deslocar do centro na disputa do PSDB com o PT em 2018, para o extremo após assumir o governo quando eleito.

O discurso de um Centro na política representa hoje a igualdade e indiferença a tudo que é político e às diferenças políticas como se pode perceber desde a eleição de Bolsonaro em 2018 com o número de abstenções nos votos. O problema deste discurso de isenção, de não ser de direita ou de esquerda, de ser "apolítico" é de identidade, no caso aqui, da identidade produzida entre desconstrução e destruição, como se pode perceber opinião de Reinaldo Azevedo na Folha de São Paulo, ao dizer que "Bolsonaro cumpre promessa e desconstrói o Brasil", em 20 de novembro de 2020. Pode-se notar muito bem na opinião deste jornalista que ganhou notoriedade com o ódio ao PT desde 2014, assim como muitos, que a igualdade entre uma extrema esquerda e extrema direita é defendida não apenas politicamente, mas jornalisticamente com uma postura dos jornalistas como juizes diante dos que são acusados, antes o PT, agora, o bolsonarismo, colocando-se assim no centro da disputa de modo imparcial e neutro, apolíticos e apartidários, metendo o pau em Chico e Francisco, segundo a justiça cega do ditado. Assim é que Reinaldo Azevedo, o jornalista juiz imparcial e neutro da justiça jornalística brasileira, sentencia em sua opinião magistral:
Em março do ano passado, numa reunião com forças conservadoras em Washington, o presidente foi profético sobre o próprio governo: “O Brasil não é um terreno aberto onde nós pretendemos construir coisas para o nosso povo. Nós temos é que desconstruir muita coisa.”

Homem de palavra. Ele está desconstruindo o Brasil.
A confirmação feita por Reinaldo Azevedo de que Bolsonaro "desconstrói o Brasil" tal como prometeu demonstra uma concordância mais do que uma discordância dele com Bolsonaro, por mais que em seu texto discorde e se oponha a este, pois confirma a suspeita que tinha em 2018, quando neste ano se:
perguntava, e a questão permanece, por que setores do empresariado e do mercado financeiro imaginavam que Bolsonaro poderia ser a solução para as suas angústias.
A ausência de surpresa do jornalista com a desconstruição o Brasil feita por Bolsonaro atualmente advém senão por esta desconstrução estar sendo anunciada pela Folha de São Paulo desde 1999 como podemos perceber. Porém, ao confundir a desconstrução com a destruição não realmente uma desconstrução do Brasil o que acontece. O que está acontecendo no Brasil não é uma desconstrução, é uma destruição sistemática de qualquer possibilidade de diferença, de alteridade e de oposição na economia política brasileira. É uma política econômica de Estado cada vez mais centralizadora e centralizante que culminou com o fascismo bolsonarista no poder e é substituída pela direita que o elegeu.

Quando se confunde a desconstrução e destruição o que se pretende é destruir uma oposição que surge senão pelas diferenças de opiniões de outros, mas não necessariamente, pois esta oposição somente existe a partir do momento em que se busca destruir algo, que se define algo como inimigo, como rival, em competição consigo, com um eu que não admite um outrodiferente, como aconteceu a partir de 2014 quando se considerou o PT, a esquerda e toda e qualquer oposição à direita como inimiga por uma extrema direita. A destruição dos oposto por meio de uma centralização política e de poder visa a igualdade, a identidade, a unidade política de uma nação e de um Estado. A desconstrução visa senão o "oposto", isto é, visa a ideia de "oposição" criada a partir do momento em que se define e se defende um centro, fazendo dos diferentes "opostos" ao "extremo" a partir de um distanciamento cada vez maior do centro. É a defesa de um centro que produz uma oposição e um extremismo em relação às diferenças postas em disputa por um poder advindo do centro, um poder central, e é a destruição deste poder central que é temido pela Folha de São Paulo, seus jornalistas, e todos aqueles que tem uma postura centralizadora, autoritária, patriarcal, quando se anuncia a desconstrução do Brasil, e que não deve ser temida, bem entendido.

A destruição do poder central pode ser medida no jornalismo por um dos seus primados ou por aquilo que é seu princípio, sua arkhé, a fonte. Não há jornalismo sem uma fonte, mesmo que a fonte sejam as vozes na cabeça do jornalista de modo logocêntrico por se associar o pensamento à falaFalar o que pensa a partir de uma fonte é outro primado do jornalismo com a defesa de uma liberdade de expressão que remete à defesa da democracia criada pelos gregos antigos a partir dos quais se começou a pensar que o pensamento é falado, isto é, pensar que o pensamento é um discurso ou logos, pois é na forma de discurso que se fala publicamente o que pensa em praça pública, ao público, na ágora, para manifestar uma opinião. Em outras palavras, foram os gregos que inventaram o jornalismo mesmo sem saberem que o que faziam e o que os jornalistas fazem é manifestarem em discursos o que pensam como os gregos antigos faziam mesmo sem saberem que o que faziam era jornalismo.

Assim como os gregos antigos em praça pública, os discursos jornalísticos são discursos políticos, visam uma determinada ação. O objetivo tanto em um caso como em outro é a práxis do discurso, o que quer dizer tanto falar o que pensa como aplicar na prática o que pensa, ou seja, produzir uma ação e, consequentemente, uma mudança, uma transformação, colocar em prática o que é dito. Se todo discurso é uma fala e, deste modo, uma prática que requer um aprendizado dado antigamente pelos sofistas, no caso, uma retórica, toda fala num discurso requer uma prática do que se diz, isto é, requer que o que se diz não seja apenas retórico, um falar por falar, mas que se fale pensando em agir, agindo, produzindo uma ação que mude, transforme a realidade a partir de um ato pressuposto a partir do que se fala e não apenas na fala como ato de fala. Todo discurso em praça pública ou num jornal requer uma ação prática que vá além da fala, requer que se faça algo a partir do que foi dito e, por isso, todo discurso é político na medida em que é ao público ou ao que é público, isto é, àqueles que vivem na pólis que o discurso se dirige e conclama todos a uma ação ou reação.

A ação do discurso é motivada, principalmente, pela rivalidade ou agôn democrático criado pelos gregos em que cada homem ou cidadão manifesta sua opinião contrariamente ao outro livremente conforme as vozes de sua cabeça reclamando uma ação a partir do seu discurso e, neste sentido, dizem Deleuze e Guattari, remetendo a Platão: "se cada cidadão aspira a alguma coisa, ele encontra necessariamente rivais, de modo que é necessário poder julgar acerca do bem-fundado das pretensões" (grifos meu). Ao mesmo tempo que um discurso reclama uma ação, é preciso que não apenas ele, mas também a ação que reclama esteja bem-fundada em suas pretensões, é preciso saber portanto o que diz, em outras palavras, não pode ser apenas uma retórica, ainda que esta convença bastante aqueles que se preocupam somente com as palavras e não com as ações. É preciso julgar, portanto, se o discurso é bem-fundado, julgar as pretensões dele, o que Platão pretendeu fazer ao pensar numa Ideia como medida de um discurso, o que quer dizer, a sua verdade opondo a Ideia à opinião ou uma opinião verdadeira a uma opinião falsa a partir de um conhecimento verdadeiro da realidade (episteme) em oposição a um conhecimento opinioso (doxa) em relação à realidade.

O problema para Platão não é a expressão de um pensamento a partir da fala ao se manifestar uma opinião e, sim, a falta de uma Ideia na opinião por não se ter o conhecimento verdadeiro da realidade, ou ainda, a falta da realidade na opinião por não se manifestar nenhuma Ideia nela de fato. Em outras palavras, o que falta à opinião denunciado por Platão é, podemos dizer, uma ação tendo em vista que, na retórica da opinião sofista, a fala remete apenas ao pensamento e a uma práxis discursiva sem qualquer relação com a realidade. Se o discurso retórico sofista é vazio é porque falta uma relação dele com a realidade a partir de uma Ideia que é o que produz uma ação ou mudança na realidade que é o que Platão pretende com sua filosofia das Ideias consideradas utópicas porque visam uma mudança da realidade em que vive e não é deste modo um discurso pelo discurso, um falar por falar e, sim, no caso, falar que busca uma transformação da realidade em que vive, que tem, portanto, uma posição política.

Diferente do que era feito em praça pública desde os gregos no qual opiniões se manifestam politicamente, e até hoje se faz no jornalismo, uma Ideia não pressupõe uma neutralidade e imparcialidade, pois dizer o que é no sentido de manifestar uma Ideia requer uma tomada de posição em relação à realidade dos fatos. Não há, ademais, na Ideia uma pureza advinda de um acesso à fonte que ninguém mais tem, somente o jornalista de modo oracular, em contato direto com uma voz divina que lhe passou a informação de modo espiritual e imediatamente ou de modo indireto, mediado pela voz de outro, como Querefonte ao dizer a Sócrates o que os deuses disseram, no caso, que ele era o mais sábio dentre os gregos, algo do qual, como filósofo, duvidou, seja por não acreditar em Querefonte como fonte desta informação, por ser seu amigo, seja por ter adquirido esta informação de outrem, um oráculo. Neste sentido, nada mais problemático para o filósofo do que uma opinião ou uma voz que expressa um pensamento poeticamente a partir de uma Musa ou de um deus num oráculo, e uma voz condescendente que expressa a si mesma num pensamento ou seu pensamento mesmo no discurso de um amigo, já alertava Sócrates, ao dizer que é preciso ter cuidado com o que os outros dizem, pois já não se pode não ouvir depois de ter ouvido o que dizem, e é preciso saber escutar e, antes de tudo, evitar, principalmente, os discursos sofistas, pois, diferente de uma fruta que sabemos que faz mal ao olhá-la e assim não a comemos, já não se pode fazer o mesmo com os discursos que fazem mal ao penetrarem o ouvido.

Pensando nisso é que Derrida propõe senão uma desconstrução do discurso ou da opinião, remetendo-se a Sócrates e Platão, principalmente quando diz que uma palavra pode significar tanto remédio como veneno referindo-se especificamente à palavra grega pharmakón em seu significado para os gregos e, em particular, para Platão. É o signo linguístico, ademais, o que Derrida propõe desconstruir na medida em que o signo se remete à voz e à fala ocultando um significado num significante que só alguns detém como sábios sofistas retomando o que Sócrates questionava e podemos questionar em relação aos sábios jornalistas em seu acesso direto à fonte da realidade. E, por fim, é à própria filosofia que Derrida também pretende desconstruir na medida em que filosoficamente se reivindica para si a fonte do saber a partir da voz ou fala do logos, ou seja, a partir de uma metafísica que esconde uma fala (significado) na escritura (significante) que somente alguns intérpretes conseguem ouvir como pressupunha Heidegger em sua tradução alemã dos gregos como se alemães e gregos fizessem parte de uma mesma língua filosófica só compreendida por eles no que diz respeito ao sentido do ser há muito esquecido pelo ente, as pessoas comuns, por não saberem falar grego como os alemães.

É justamente em relação a Heidegger que o termo desconstrução é confundido com destruição, pois como diz em sua Carta a um amigo japonês ao refletir sobre a palavra desconstrução para uma melhor tradução dela para o japonês, Derrida
desejava traduzir e adaptar a seus propósitos as palavras heideggerianas Destruktion ou Abbau. Ambas significavam, nesse contexto, uma operação relativa à estrutura ou à arquitetura tradicional dos conceitos fundadores da ontologia ou da metafísica ocidental. Mas, em francês, o termo destruction ("destruição") implicava, demasiado visivelmente, uma aniquilação, uma redução negativa, talvez mais próxima à "demolição" nietzschiana do que da interpretação heideggeriana ou do tipo de leitura que eu propunha. Logo, descartei-o. (Negritos meus.)
Se a desconstrução é, de certo modo, uma tradução do conceito Destruktion de Heidegger, como diz Derrida, ela não é uma destruição, sentido descartado totalmente por ele em francês, mas que se deve descartar também no português e em qualquer língua ou em qualquer meio que a língua se expresse no caso, o jornalístico caso se pretenda preservar a fonte da desconstrução, no caso, Derrida, ou se preservar a fonte como princípio do jornalismo. Mas o problema é também a fonte que se deseja preservar como acontece com Heidegger que pretende um retorno da filosofia às origens gregas, à fala em sua presença na ágora e no discurso filosófico grego do ser no tempo, que 
Derrida também tenta desconstruir. Isto porque há neste retorno a pressuposição do sentido do ser no tempo presente no uma fala e seu significado permanece mesmo quando está ausenteesquecidaoculta, velada no texto escrito se fazendo presente, relembrada, desocultada, revelada por quem sabe e tem o poder de escutar o que o texto quer dizer, indo além da aparência textual da escritura em busca de uma voz em sua presença há muito tempo atrás. A diferença, ou melhor dizendo, a différance da desconstrução de Derrida em relação à Destruktion de Heidegger é que se ele aprende com este que se o desvelamento de uma fala presente no texto é a filosofia propriamente dita desde os gregos, é preciso pensar diferente a filosofia pois, ela é isto que ela é há muito tempo, há aí uma busca da fala/tempo perdida/o na "escritura" que destrói a possibilidade de um pensamento diferente e da diferença. Neste sentido, a desconstrução não é uma Destruktion da metafísica como pretendia a ontologia de Heidegger a qual fomentou o fascismo como busca de uma fala/tempo perdido alemão, ainda que a desconstrução tenha em vista a ontologia heideggeriana como expressão daquilo mesmo que ela busca desconstruir, a metafísica na filosofia, sem a destruir, o que quer dizer modificar, transformar, pôr em devir, pensando uma filosofia diferente da metafísica e da ontologia na qual a metafísica também se expressa.

A desconstrução não é uma destruição em nenhum sentido possível. Derrida, de diferentes modos, tenta demonstrar isto mesmo que seja difícil, não por sua causa, mas porque, como percebe, não é simples evitar a metafísica e a destruição que a própria metafísica pressupõe de si mesma, de modo suicida, niilista num tudo ou nada, direita ou esquerda. É por a metafísica pensar a si mesma a partir de uma identidade do ser e criar um oposto a si, o não-ser visto como outro e diferente que visa destruí-la, que é preciso pensar diferente, de outro modo, que não seja metafísico e uma destruição da metafísica, pois esta destruição tem como objetivo senão produzir uma maior identidade do ser, dela, uma unidade nacional e um fortalecimento do Estado a partir do nacionalismo como aconteceu no fascismo. Não por acaso, a ontologia produzida por Heidegger serviu tão bem ao fascismo quando este a partir daquela viu na busca de uma fala e tempo perdido uma oportunidade de se opor a todos aqueles que eram outros e diferentes para os alemães em sua raça ariana e, portanto, inimigos da identidade do ser alemão, remetendo a ontologia heideggeriana à fonte de seu próprio pensamento, a metafísica de uma Alemanha forte outra vez como um dia foi e como um dia foi a Grécia antiga.

A proximidade de Derrida e sua desconstrução em relação à destruição de Heidegger é mais de resistência à destruição da metafísica e produzida pela metafísica com o fascismo do que de apoio a este como fez Heidegger e sua ontologia servindo de fundamento para a metafísica fascista e levante do nacionalismo indiretamente. Uma resistência que vai além da resistência de Derrida como francês à Alemanha, pois, além de francês, é argelino ou magrebino como se autodenomina, e resiste como tal ao fascismo francês em sua opressão aos judeus na Argélia antes mesmo da França ser dominada pelos alemães e independente do domínio dela pelos alemães durante a Segunda Guerra. Pois o colonialismo também é um fascismo e não se pode esquecer isso, e, senão, o princípio do fascismo na modernidade em seu poder de violência e destruição de uma cultura diferente da do europeu como um ser que os alemães espiritualizam e materializam neles mesmos, em sua própria raça.

Se a desconstrução se aproxima da destruição é para melhor evitá-la, neste sentido, como Sócrates fazia com os sofistas e, segundo uma arte da guerra, devendo-se buscar estar próximo dos seus inimigos para melhor resistir a eles, no caso para resistir à destruição produzida por eles em relação a si, não propriamente destruí-los. Se existe uma política da desconstrução desde o princípio no que diz respeito ao discurso metafísico tendo em vista uma mudança no pensamento e na realidade a partir do que é dito e não dito no discurso metafísico como verdade que somente os metafísicos, ou filósofos, ou teólogos, sabem qual é, esta política não é a da oposição a um inimigo e, consequentemente, destruição dele. A política da desconstrução não é a política da inimizade ou da rivalidade como na democracia grega ao fazer de todos os cidadãos rivais uns dos outros e do filósofo o rival de todos os cidadãos como fizeram com Sócrates, julgado e condenado à morte. A política da desconstrução é a política da amizade, pois o que se pretende é tornar o inimigo um amigo, buscar compreender o outro, o diferente, resistindo à destruição dele por dever e por direito à diferença e alteridade na democracia, segundo uma ordem ética que não é mais metafísica, não importa a razão e o fundamento que se busque num passado, na voz ou fala de uma consciência histórica espiritual e material ou numa opinião para destruir o outro, o diferente.

A política da desconstrução não é a política, enfim, do jornalismo que busca através de suas opiniões fomentar a discórdia, a desunião, por meio de uma disputa do livre pensar e dizer a verdade. Não é a política de uma verdade pretendida, muito menos alcançada, pela opinião a partir das vozes como suas fontes, o ouvir dizer de alguém que viu alguma coisa. Não é a política da neutralidade e da imparcialidade de uma opinião do jornal não assumida por ele, da qual os jornais se esquivam dizendo que a opinião daqueles que fazem o jornal não reflete a opinião do jornal, dizendo e desdizendo assim o que é dito neles, ocultando e desocultando sua fonte de verdade no que é dito, se contradizendo em cada opinião dita como um sofista à moda antiga, falando por falar, numa retórica de opiniões sem fundamento manifestadas no jornalismo.

Se o jornalismo pretende dizer a verdade como diz pretender a partir de uma fonte em relação aos fatos, o fato é que a verdade é negada por ele em cada opinião sobre o fato. O que as redes sociais propagam cada vez mais não se opõe ao jornalismo como este quer fazer acreditar. É a essência contraditória do próprio jornalismo que se desnuda nas fake news quando uma opinião se pretende verdadeira em relação aos fatos e à realidade e a fonte é não menos a voz da consciência de quem a propaga. Uma consciência que cria não apenas a verdade, mas também o fato sobre os quais os jornalistas pretendem ter autoridade, poder, verdade a partir de suas fontes. Se há uma diferença entre o que se propaga publicamente nas redes sociais e nos jornais é porque estes ocultam bem melhor a verdade dos fatos do que aquelas e se as redes sociais não são consideradas propriamente jornalismo, é porque não se remetem às fontes que este diz se remeter, mas, no fundo, ocultam.

No fundo, profundamente, por mais ocultas que sejam as fontes do jornalismo, elas são tão superficiais quanto as fontes das redes sociais, pois são um ouvir dizer de alguém. O jornalista nunca  os fatos mesmo quando está diante deles. A notícia não se remete ao fato em sua fonte, mas a diversas fontes que pretendem dizer o que aconteceu de fato, mas nunca se sabe o que é. O jornalismo não apenas não vê os fatos como destrói os fatos ao buscar as diversas fontes dele de modo imparcial, neutro, tentando ouvir não apenas uma voz, mas as vozes de todos os envolvidos no fato, que estiveram presente e ausentes durante o que aconteceu, e, neste sentido, o fato não é o que aconteceu, é o que é dito que aconteceu e o que é contradito também.

Assim , o jornalismo político cria uma igualdade de todas as múltiplas e diferentes opiniões e, no limite, uma igualdade das opiniões diferentes de esquerda e direita, coloca como iguais os extremos em suas diferenças, posições, alteridades e oposições, dá uma igual liberdade à fala e pensamento de um fascista e um antifascista, como se fossem o mesmo, tudo fosse uma opinião. A opinião jornalística, principalmente política, é um discurso sem verdade alguma, pois, para o jornalismo, toda e qualquer opinião é igual a outra, não há diferença, não há alteridade, nem tão pouco verdade, já que todas as verdades são reduzidas a uma opinião, ocultadas numa opinião e pelo próprio jornal. Por trás de cada opinião há uma verdade oculta que é desocultada pelo jornalista a partir de suas fontes, mas é também ocultada por ele ao ocultar a fonte de sua verdade ou a verdade a partir de diversas opiniões como fontes. E esta verdade oculta/desocultada/oculta novamente pelo jornalista o próprio jornal oculta ao dizer que a opinião de quem faz o jornal, ou seja, do jornalista, não reflete a opinião do jornal, e mesmo a opinião do jornal chamada de editorial não reflete a verdade do que pensa o jornal, pois ninguém assina embaixo esta opinião, isto é, ninguém que faz o jornal se responsabiliza por ela e demonstra concordar com ela, em outras palavras, não há propriamente uma fonte no editorial. Não apenas o jornal nega tudo que é dito nele pelos jornalistas como não sendo dito por ele como nega e é negado no que diz por aqueles que fazem o jornal e que não escrevem o seu editorial.

A livre disputa de opiniões sobre os fatos, também chamada de pós-verdade não foi criada, deste modo, pela desconstrução, por mais que o jornalismo e alguns filósofos queiram fazer acreditar nisso. A desconstrução da verdade não é a destruição da verdade como sonham aqueles que escrevem suas opiniões em jornais. O que destrói a verdade como se percebe nas redes sociais atualmente é a livre disputa de opiniões, é a igualdade de opiniões em manifestarem seu pensamento sem qualquer julgamento quanto à verdade tendo como única fonte da verdade o que pensa ou diversas fontes que não dizem a verdade, pois são opiniões. O jornalismo em sua livre concorrência de opiniões vai à falência atualmente com as redes sociais senão porque há uma inflação das opiniões do mesmo modo que desde a década de 60 há uma inflação do signo e da linguagem como signo como diz Derrida em sua Gramatologia (1967), na qual começa por desconstruir a verdade da filosofia em seu senso comum de uma fala que se pretende verdadeira por expressar o que pensa.

Sabemos muito bem qual o resultado de se defender aqueles que falam o que pensam sem se pensar no que falam, isto é, sem pensar a realidade do que falam, a ação pressuposta em sua fala, principalmente, uma relação ao outro, ao diferente, buscando destruí-lo, tentando calar uma oposição, destruindo qualquer possibilidade de oposição em defesa de uma união de todos, de que todos são iguais perante a lei da liberdade de expressão, de que todos pensam igual mesmo que diferentes, de que todas as raças são iguais, mesmo que uma oprima mais a outra, que todos são uma grande família, todos são irmãos, mesmo que um irmão mate outro desde tempos bíblicos, que todos são iguais perante deus, mesmo que uns sejam mortos de fome pela pobreza imposta a eles por quem é rico para comprar jornais para dizer o que pensa e não pensa sobre os pobres. É o fascismo que está pressuposto em toda defesa de igualdade das diferenças, o que quer dizer anulação de todas as diferenças em defesa de uma identidade nacional, de uma união de todos, sem oposição, sem extremos, como defende o jornalismo da Folha de São Paulo, do Estadão e outros como ele, ao temerem a desconstrução do Brasil. É o fascismo que os jornais atualmente fomentam a cada dia com suas opiniões políticas ao esconderem a verdade numa opinião e em opiniões que são consideradas todas iguais em liberdade de expressão, quando diz que uma opinião não reflete a opinião do jornal mesmo que esta opinião seja em defesa do fascismo, do autoritarismo, da exclusão, da morte, da mentira, mesmo quando mente que há uma desconstrução do Brasil, sem procurar a fonte desta desconstrução que não é, nem nunca foi, ou será, a destruição do Brasil, a não ser para a opinião jornalística que se propaga sem se preocupar com a fonte da desconstrução, sem se preocupar com a fonte do que publica, a fonte do próprio jornalismo.

E ao não se preocupar com a fonte da desconstrução relacionando esta à destruição, o jornalismo produz senão uma identidade da filosofia com a destruição, algo que Derrida buscou durante toda a vida evitar e desde o princípio ao pensar na desconstrução.

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