A vontade de sofrer


No fim da peça Édipo Rei, de Sófocles, o Corifeu encerra a peça dizendo que não se pode considerar uma pessoa feliz sem que jamais ela tenha sofrido na vida deixando bem claro o porque dos gregos escreverem tragédias senão para mostrar a todos que o sofrimento faz parte da vida e uma vida feliz não é uma vida sem sofrimento. Sócrates, por sua vez, no diálogo platônico Fédon, começa a dialogar com seus discípulos falando a eles como a cada dor sobrevém um prazer, e inversamente o mesmo, quando ele é desacorrentado pelo guarda da prisão onde está à espera da sua condenação de morte ser executada, o que acontece senão no fim do diálogo, deixando claro para os seus discípulos que à dor deles com sua partida sobrevirá um prazer também, assim como à dor de sua morte sobrevirá o prazer dele estar com os humanos virtuosos e deuses numa vida feliz. E assim a dor, o sofrimento e a tristeza são para os gregos algo natural que faz parte da vida por mais trágica que a vida seja e que não se deve temê-los ou mesmo deixá-los de lado para o ser humano ser feliz.

Neste sentido, os gregos têm uma concepção naturalista do ser humano e as dores, sofrimentos e tristezas tanto de Édipo como de Sócrates são à revelia da sua vontade como acontecimentos naturais e divinos senão que os seres humanos não podem prever. Assim é que Édipo não conseguiu prever que Laio era seu pai antes de matá-lo e que Jocasta era sua mãe antes de se casar com ela e ter quatro filhos consigo e toda a cidade de Tebas cair em maldição por causa disso. Assim é que Sócrates não conseguiu prever que seria julgado à morte por criar novos deuses ao se referir à sua consciência como um "daimon", isto é, um deus com quem ele conversava e o advertia para não fazer o mal, pois os gregos concebiam a existência de vários deuses e isto não parecia ser um problema de fato, mas nenhum novo deus podia existir indiscriminadamente para além do que definiam os religiosos poetas. Em outras palavras, a dor, sofrimento e tristeza não eram causados pelo próprio ser humano em sua vontade de sofrer, de buscar uma vida de dor, sofrimento e tristeza, nem poderia ser, pois como diz Aristóteles em sua Ética a Nicômacos resumindo o modo de viver grego: toda ação humana tem como fim o bem e, mais ainda, o sumo bem, a felicidade. Logo, deste ponto de vista aristotélico grego, tudo que o ser humano faz durante sua vida é buscar ser feliz, esta é a sua vontade, por assim dizer, e se há dor, tristeza e sofrimento é senão por um infortúnio da vida, um acaso, que vai sempre acontecer como algo que acontece num determinado momento independente da vontade humana.

Não existe entre os gregos uma vontade de sofrer. A vida deles não é voltada para o sofrimento, por mais trágica que tenha sido a história deles de guerras inclusive entre os deuses e concepção divina do mundo, pois para eles o mundo não surgiu do nada maravilhosamente como um Paraíso judaico cristão, perfeitamente ordenado por um deus. O mundo se ordenou por meio de lutas e mais lutas entre os deuses até entrar em uma convulsão de dor, sofrimento e tristeza que abalou todos os seres quando houve a maior luta de todas, a Titanomaquia, quando todos os deuses que representavam a vida na terra entraram em combate e a Justiça foi estabelecida entre eles a partir da vitória de Zeus e seus irmãos filhos de Cronos com a ajuda dos seus tios titãs que ficaram do seu lado contra o irmão titã Cronos, pai de Zeus. Eis porque se os gregos foram grandes guerreiros atacando e defendendo sua nação, a Grécia, formada por diversos povos diferentes, não foi porque eles aspiravam a guerra por uma vontade de infligir dor, sofrimento e tristeza aos outros, mas porque ela fazia parte de sua luta em busca de justiça e de serem felizes, por mais que as guerras fossem motivadas por questões econômicas e políticas.

Não é a mesma coisa que acontece quando se pensa na modernidade europeia a partir do judaísmo cristão para quem a vontade de sofrer faz parte da vida como meio de expiação do mal pelo ser humano ter pecado ao desobedecer a ordem de deus e ser expulso do Paraíso em que estava por este motivo. Trata-se de uma visão totalmente diferente da vida que se coloca a partir desta perspectiva quando o cristianismo se faz presente na Europa como uma religião do Estado romano e através deste impõe a diversos povos, inclusive os gregos, uma vontade de sofrer. A lógica, neste caso, é totalmente diferente do que acontece com os gregos e seus deuses porque toda dor, sofrimento e tristeza agora não são naturais, mas uma vontade humana desde o pecado original quando o ser humano em seu livre-arbítrio decide sofrer mesmo vivendo no paraíso criado por deus absolutamente para ele e, ademais, diante do sofrimento do homem em sua solidão, cria Eva para que ele vivesse feliz sem sofrimento, sem ter vontade de sofrer. Todavia, sabemos bem, em vez disto fazer o bem e trazer ao ser humano o sumo bem, a felicidade, isto trouxe senão toda a dor, sofrimento e tristeza para o ser humano na medida em que Adão e Eva cometeram o pecado original. Pode-se aludir a Lilith antes de Eva segundo outra versão histórica do Gênesis que desobedecera à vontade de deus e foi banida antes, mas isso não muda em nada a história do pecado original como uma busca de sofrimento por de Adão, Eva e Lilith a partir de seu livre-arbítrio e a vontade de sofrer que advém disto, podendo-se apenas dizer que Lilith dentre os três não buscou diretamente a dor, sofrimento e tristeza, mas tudo isto sobreveio a ela como um acontecimento natural ou divino como punição, tal como acontecia também entre os gregos.

A questão em relação à vontade de sofrer na modernidade europeia não pode ser dissociada deste caráter mítico judaico-cristão assim como toda a filosofia grega em seu ascetismo na busca de evitar o sofrimento não se dissocia dos mitos gregos. Ambas, porém, estão diametralmente opostas em suas concepções do sofrimento e não se pode fazer nenhuma relação entre ambas as tradições míticas e filosóficas sem considerar esta questão originária do sofrer. Nem mesmo se pode simplesmente associar a origem deste sofrer à mulher, no caso, à Pandora entre os gregos e à Eva no judaísmo e cristianismo, pois a primeira trouxe sofrimento à humanidade como justiça divina de Zeus a Prometeu à sua desobediência em roubar o fogo divino e o dar ao ser humano tornando-o semelhante aos deuses, algo inadmissível. Eva, por sua vez, foi senão produzida a partir de Adão, logo, dele derivava em sua natureza tendente ao livre-arbítrio e, por meio deste, senão ao erro, algo comum quando se tem que tomar uma decisão, mas não tolerado por deus, deixando-se claro que, de um ponto de vista religioso, ninguém pode desobedecer a deus e cometer erro, pois será punido severamente.

Se não se pode simplesmente pensar a relação dos gregos com os modernos a partir de suas tradições religiosas é porque a concepção de livre-arbítrio que define propriamente a vontade humana entre os modernos não existe de modo negativo para os gregos tal como existe a partir do judaísmo e cristianismo. O ser humano grego comete erros como todos os seres humanos e suas decisões erradas são punidas tão severamente pelos deuses gregos como pelo deus cristão, mas o livre-arbítrio ou vontade propriamente não é algo negativo para os gregos, isto é, algo a trazer dor, sofrimento e tristeza inevitavelmente para o ser humano. Toda dor, sofrimento e tristeza do ser humano é um acontecimento natural e divino, isto é, é uma vontade da natureza e dos deuses que sobrevém não porque ele teve vontade de sofrer mesmo vivendo num paraíso, mas porque simplesmente errou em sua tomada de decisão, em geral, por desconhecimento da natureza e dos desígnios dos deuses para sua vida como seu destino. Não é o caso do sofrimento do ser humano no cristianismo a partir do judaísmo no qual o erro foi cometido por vontade de errar, por assim dizer, pois se sabia que estava desobedecendo a deus em sua ordem, mas também a toda ordem que existia no Paraíso que declina em dor, sofrimento e tristeza por conta da vontade de sofrer do ser humano.

Quando Schopenhauer em sua Contribuição à doutrina do sofrimento do mundo, em Parerga e Paralipomena, em 1851, retoma toda esta perspectiva de dor, sofrimento e tristeza judaico-cristã e a relaciona a outras culturas como a indiana e conclui que a vida é sofrimento, percebemos a total ruptura entre o modo como os filósofos modernos europeus pensam o sofrimento e o modo como os gregos o pensavam. A bem dizer, o sofrimento deixa de ser trágico para ser uma drama como bem observa Benjamin em A origem do drama barroco alemão, pois o que diferencia claramente uma e outra concepção do sofrimento de modo artístico, mas também filosófico, é que a tragédia é uma dor, sofrimento e tristeza que acontece independente da vontade humana, por mais que o ser humano seja responsável por ela em parte por seus erros, desconhecimento, desrazão e ações desmedidas. Em contrapartida, não se pode dizer o mesmo do drama, pois este é o resultado de uma vontade humana e, por que não dizer, de uma vontade de poder do ser humano em seu livre-arbítrio, no caso, uma vontade de poder ser algo, por exemplo, e não apenas um exemplo, a vontade de poder ser rei e deus em um trono, o que obviamente leva senão a todo um sofrimento por conta disso, em princípio, pela desconfiança que o poder causa àquele que o detém já não podendo mais confiar em ninguém e querendo trocar de lugar com o bobo de sua corte. Em contrapartida a isto, a vontade de poder do ser humano sendo senão uma vontade de sofrer na medida em que o poder traz senão o sofrimento, o que isto se relacionaria de certo modo com a tragédia grega quando o ser humano busca o poder, mas o que seria visto entre os gregos como algo natural e divino em sua consequência, no caso moderno é visto senão como uma consequência direta da vontade de poder humana que é deste modo uma vontade de sofrer, fazer sofrer a si e não por menos os outros como rei e deus.

Todo o drama moderno parece ser esclarecido por Schopenhauer quando dá sua contribuição à doutrina do sofrimento do mundo, ou ainda, quando define o mundo em sua representação a partir de uma vontade. E, mais ainda, que se o mundo é representado a partir de uma vontade, a representação desta vontade é senão o sofrimento que está no mundo de um modo não natural ou divino simplesmente, mesmo que tenha em vista o cristianismo e induísmo em sua justificativa, mas como algo propriamente humano, algo que advém do ser humano em sua percepção e inteligência de que sofre e sofre mais ainda por saber disto. Há, partindo-se do seu ponto de vista, um diferir entre dor, sofrimento e tristeza na forma de um drama que não acontece na tragédia por assim dizer, pois se nesta o sofrimento é consequência natural da dor e a tristeza consequência natural do sofrimento, no drama moderno, se há uma dor que acontece no ser humano, o sofrimento depende mais da vontade do ser humano do que a presença dela como vontade de um mundo natural que lhe produz dor inevitavelmente. Isto acontece quando o ser humano pensa num sofrimento para além da dor que lhe aconteceu e há mais sofrimento do que a dor que lhe causou a partir deste seu pensamento e a tristeza, em contrapartida, não deriva tão somente do sofrimento, mas de um diferir dela em relação a ele na medida em que a tristeza advém de um pensar um sofrimento maior do que deveras sofre. O que toda ampliação da dor por um sofrimento e deste por uma tristeza é senão uma vontade do ser humano independente do que acontece a ele no presente que lhe causa uma dor diretamente. 

Se todos sofrem em sua vontade a partir de um pecado original humano de um ponto de vista especificamente cristão, o que Schopenhauer observa é que o ser humano não sofre como os animais e tão pouco estes como as plantas e minerais da terra que, no caso destes últimos, nem sofrem a bem dizer pois não tem nenhuma percepção da dor e, deste modo, não sofrem e não são afetados de alegria e tristeza como pensava Spinoza em relação a tudo com seu panteísmo. Deste ponto de vista quanto mais o ser é um animal, isto é, dotado de percepção e afetos, mais ele sente dor, sofrimento e tristeza, mas se nenhum destes pode escapar à dor, sofrimento e tristeza, apenas evitá-lo como pensavam os gregos, a partir de Schopenhauer, podemos dizer que há, pelo contrário, uma vontade de sofrer quando o ser humano não simplesmente sente uma dor, sofre e se entristece com algo que acontece em algum momento, mas amplia esta dor sofrimento e tristeza ao pensar nela em demasia e, por sua vez, aumentando sua dor, sofrimento e tristeza para além de suas causas, do que lhe acontece. Isto acontece mais ainda com o ser humano porque diferente dos animais que sentem uma dor acontecer e a evitam num outro momento presente, o ser humano lembra a dor e a antecipa em seu pensamento e não por menos sua vontade indissociável dele e tal lembrança e antecipação sendo de algo negativo tornam-se também elas negativas. Neste sentido sua vontade de fazer algo é negada pelo sofrimento que vai sentir se fizer o que tem vontade, o que é algo natural se pensar assim, pois todos os animais agem assim diante de algo que possa lhe acontecer por um instinto natural, uma lembrança de uma dor passada antecipada no presente. O que não é natural, mas especificamente humano é que a dor, sofrimento e tristeza que acontece ao ser humano por sua vontade num determinado presente se torne um passado a antecipar um futuro de dor, sofrimento e tristeza de modo constante no presente e, deste modo, toda sua vontade no presente seja regulada pela dor, sofrimento e tristeza como resultado de sua vontade passada.

A antinomia que resulta de tal pensamento pode ser dita do seguinte modo: se o ser humano realizar sua vontade ele vai sofrer, se não realizar também vai sofrer. A conclusão, niilista de certo modo, é que seja qual for a vontade do ser humano, ele vai sofrer, pois o sofrimento é a consequência direta de sua vontade de fazer ou não fazer algo e está diretamente relacionado ao seu livre-arbítrio e decisão como expressão de sua vontade. Eis porque Schopenhauer vê no livre-arbítrio algo negativo, pois tudo advindo dele é uma limitação do ser humano em sua vontade e é senão a limitação da vontade do ser humano.

Se toda e qualquer vontade do ser humano resulta em dor, sofrimento e tristeza é regulada por tudo isto, posto que ele é constantemente limitado em sua vontade, quer decida ou não por alguma coisa, é porque desde o princípio ele não pode escolher, ele não pode errar, seja qual for sua decisão. O acerto em relação a algo não o priva de sofrimento porque neste caso é senão a privação de algo que era também sua vontade, mas não pode realizar. Ou ainda, o acerto é senão o não realizar uma vontade, o adiamento dela na medida em que ela pressupõe um mal, a decaída humana e de todo o mundo de uma época paradisíaca.

Seja qual for a vontade o resultado dela é o sofrimento e não se pode questionar Schopenhauer em relação a isto quando ele fundamenta tal perspectiva para a vida humana a partir das religiões cristã e indiana. Tão pouco se pode questionar quando pressupõe que há uma vontade de sofrer de modo niilista de um ponto de vista cético e pessimista pela ampliação da dor, sofrimento e tristeza que existe no mundo ou que se pode levar uma vida feliz com a sabedoria de que o mundo é dor, sofrimento e tristeza sem poder evitar isto, pois é a consequência direta da vontade humana e também divina, quiçá do mundo em sua natureza conflituosa entre os diversos seres. Toda a vontade do mundo e dos deuses é assim regida pelo sofrimento e se torna ela mesma uma vontade de sofrer nesta perspectiva na medida em que o ser humano amplia a dor que ele sofre em algum momento podendo e fica alegre ou triste pelo seu livre-arbítrio ao saber que nunca vai superar a dor, sofrimento e tristeza do mundo diante dos seus olhos e em si mesmo, sua vontade, posto que isto é algo infinito em toda sua finitude.

Pode-se ver como algo bom do ponto de vista ético a perspectiva de Schopenhauer de encarar o sofrimento do mundo com algo bom no sentido de que limita uma má vontade do ser humano ou no sentido de uma despreocupação em relação a dor, sofrimento e tristeza já que isto não pode ser evitado, sem querer deste modo ampliar tudo isto no tempo por uma lembrança ou antecipação da dor, sofrimento e tristeza e, deste modo, tentar viver como os animais em seu eterno presente, pois o que se coloca nisto é senão uma tentativa de equilibrar uma vontade de sofrer que existe no mundo e no ser humano não fazendo o sofrer tanto. É a perspectiva de evitar uma vontade de sofrer para além da dor presente em algum momento, uma tentativa de evitar qualquer antecipação e lembrança da dor prolongando-a na vida como um sofrimento constante independente dela e, consequentemente, uma tristeza por conta dele. Mas isto não elimina o fato de que há uma vontade de sofrer no mundo e no ser humano que desequilibra a todo instante sua vida e o mundo e que está presente nele para além de qualquer presente e dor em relação a ele. Em outras palavras, uma vontade de sofrer que faz parte do mais íntimo humano e do mundo e que está neles de modo latente somente à espera de se manifestar em algum momento em si e por si nos outros. Uma vontade de sofrer que não é causada por qualquer dor no presente, mas imaginada por seu pensamento em dores não vividas, dores que não são de si em seu presente, dores que são do ser humano desde sua origem, portanto, dores originárias e, senão, originárias de sua vontade de sofrer por conta de seu pensamento numa dor que inexiste a si.

Existe deste modo uma ampliação da dor no ser humano que não provém de uma dor vivida ou percebida no presente como sofrimento e que causa tristeza tal como Schopenhauer pensa a partir de uma vontade, mas uma dor que surge da ampliação dela pelo sofrimento e que provém da própria vontade de sofrer do ser humano quando tudo é visto por ele como dor, sofrimento e de modo triste. Todavia, uma ampliação que não diz respeito simplesmente a um pessimismo natural do ser humano ou em relação ao ser humano de modo misógino, mas que faz parte de sua vida cotidiana quando há uma vontade de sofrer em pequenas situações quando deixa de fazer sua vontade e decide fazer sua vontade pensando já no seu sofrimento ou do outro. É uma vontade de sofrer que está constantemente presente em sua vida em cada decisão a partir de sua vontade, pois toda sua vontade está dominada pelo sofrimento como algo radical. E nisto se encontra a maior ruptura do pensamento moderno europeu judaico cristão com o pensamento grego antigo, que é o fato de que toda ação humana em sua vontade tem em vista agora o mal enquanto dor, sofrimento e tristeza na medida em que é realizada ou adiada, ainda mais adiada por antecipação da dor, sofrimento e tristeza que pode vir a causar.

Eis todo o drama moderno no qual não há nenhuma perspectiva de felicidade tal como havia para os gregos mesmo diante de toda tragédia. Eis a diferença de uma vontade de sofrer atual em relação à vontade de viver independente de todo sofrimento como era para os gregos antigos segundo podemos pressupor. Eis como a vontade de sofrer é o grande mal da modernidade na medida em que não resta ao ser humano senão isto, o sofrer por sua vontade, culpado a todo instante por sua vontade até a morte que se torna senão o bem para ele, o sumo bem, a felicidade por toda sua vida de sofrimento diferente do que era a morte para um grego, isto é, o momento em que o ser humano percebia toda a felicidade de sua vida para além de todo sofrimento sem qualquer vontade de sofrer, apenas realizar sua vontade e se o sofrimento advir dela, suportá-lo, agindo de modo a buscar o bem, sempre o bem e o sumo bem, a felicidade em sua vida que é senão o que lhe dá prazer de viver, querer viver cada vez mais, sem imaginar qualquer obstáculo à sua vontade como dor, sofrimento e tristeza.

É preciso cada vez mais pensarmos como os gregos se nossa vontade é a de uma vida feliz, pois do contrário viveremos uma vida de infelicidade constante num presente de dor, sofrimento e tristeza como consequência de vontades sempre adiadas por outras vontades que trazem não por menos também dor, sofrimento e tristeza até a véspera da morte quando nenhuma vontade é mais possível e tudo que se tem é a culpa, o ressentimento e a tristeza de uma vida infeliz por uma vontade de sofre.

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