A violência do preconceito
O preconceito é um conhecimento do que é algo ou de alguém e, no limite, da realidade. É um conhecimento formado por uma opinião sem curiosidade, sem pesquisa, investigação, método, sem o menor interesse em saber se aquilo que é pensado e dito sobre a realidade é verdadeiro ou falso de fato na realidade. É o famoso eu acho quando se diz na minha opinião e que está presente na fala das pessoas que pouco a pouco deixa de ser uma opinião para ser uma verdade quando tornam o eu acho e o na minha opinião uma verdade e a realidade para si e aquilo que era pouco conhecido se torna muito conhecido e conhecido de modo absoluto como a realidade de verdade. Um conhecimento imediato da realidade de modo absoluto.
O preconceito está deste modo relacionado ao conhecimento que temos da realidade, mais ou menos próximo dela e que, quando mais próximo ele é da realidade, mais absoluto ele se torna. Pode-se medir o preconceito pela distância que há entre aquilo que é dito e a realidade tal como ela é para ele. O problema é que na medida em que o preconceito é um conhecimento da realidade, ele diz o que é a realidade e, deste modo, a realidade não é algo exterior a ele, mas algo produzido por ele. Assim é que quando o eu acho ou o na minha opinião se torna uma verdade, o conhecimento não é mais sobre a realidade, mas a realidade que é tudo aquilo que é dito no eu acho da opinião quando se torna verdade.
Não existe, por sua vez, no que diz respeito ao preconceito nenhuma realidade de fato exterior a ele, pois tudo que se diz enquanto opinião sobre a realidade é já imediatamente verdade, é a realidade. E não há nenhuma modo de contradizer, de negar, de se dizer algo diferente em relação à verdade e à realidade do ponto de visto do preconceito, pois não é possível qualquer conhecimento além do conhecimento que se tem a partir dele. O conhecimento se torna, então, um conhecimento absoluto da realidade a partir dele mesmo sem qualquer possibilidade de questionamento, isto é, de possibilidade da realidade ser diferente do que se conhece.
Do ponto de visto do conhecimento preconceituoso, para uma pessoa pode achar que na opinião dela, uma parede é mole e, neste caso, a parede é mole pois esta é a opinião dela e ninguém pode contradizer, nem mesmo a parede, caso ela batesse sua cabeça contra ela, o que seria fácil neste caso demonstrar que o seu julgamento sobre a realidade da parede é falso, poder-se-ia pensar. Todavia, é de se imaginar que a pessoa não queira bater a cabeça na parede e não se pode forçar ela a isto com violência fazendo-a conhecer a realidade de outro modo. Talvez se pudesse aludir à experiência de muitas pessoas batendo a cabeça na parede e dizendo que ela é dura, mas mesmo assim a pessoa pode manter sua opinião sobre a realidade da parede de que ela é mole, pois neste caso são os outros que estão dizendo, mas não é esta a sua opinião. Ela pode, por fim, não querendo bater a cabeça na parede, simplesmente bater a mão para saber se é mole ou é dura, sentindo a parede na realidade, todavia, mesmo sentindo a dureza da parede, ela pode negar o que sente e continuar dizendo que a parede é mole na sua opinião, porque ela acha isso sobre a parede.
Deste modo radical, pode-se perceber como o preconceito é um conhecimento a partir de uma opinião que uma pessoa acha que é verdade e é a realidade e não importa uma exterioridade da parede na realidade ou a opinião dos outros sobre a realidade da parede, pois as outras opiniões serão sempre vistas como algo exterior a quem tem um conhecimento preconceituoso. Em outras palavras, o conhecimento preconceituoso não tem o menor interesse em saber se há uma realidade para além do que ele pensa e diz, pois a realidade é imediatamente o que ele pensa e diz, sem qualquer possibilidade de ser falso seu pensamento sobre ela. No preconceito, portanto, não há nenhuma separação entre o conhecimento e a realidade, entre aquele que pensa e fala e a realidade, ou ainda, entre o sujeito que fala e o objeto em sua realidade. Tudo que se pensa e diz como uma opinião por uma pessoa é verdade não importa o que ela pensa e diz e tão pouco a realidade, pois não há nenhuma possibilidade de separação entre o pensamento e a fala e a realidade, pois é verdade o que se pensa e diz sobre a realidade na sua opinião. E não há nenhuma forma de mudar a opinião na medida em que ela se torna verdade de modo imediato na fala da pessoa que diz o que pensa e o que pensa é a verdade da realidade.
Separar o pensamento e a fala e a realidade tentando demonstrar que o que se pensa, fala e a realidade podem ser diferentes, isto é, podem ser modificados, é o grande problema que se tem em relação ao conhecimento no que diz respeito às opiniões, pois qualquer diferença é vista já como contrária, uma oposição, uma negação e uma violência e, portanto, um mal a quem pensa e fala a verdade da realidade na sua opinião, ainda mais quando dizem a verdade as pessoas não querem ser modificadas em seu pensamento e fala da verdade e da realidade. Em outras palavras, quando qualquer diferença de opinião em relação ao que ela diz fere o seu ego, o seu eu, o seu íntimo no que ela pensa em relação a si mesma a partir de si mesma de um modo interior quando ela diz na minha opinião, eu acho. E, por fim, qualquer opinião diferente, deste ponto de vista, passa a ser uma negação de sua existência, de seu ser tal como ela pensa a partir de si mesma e seu pensamento se fecha totalmente quanto à qualquer possibilidade de diferença ao dizer é o que penso e pronto sem qualquer perspectiva de mudança dele, de sua fala, da realidade para si e fica com raiva e não por menos violenta quem pensa diferente a realidade, a verdade.
Pode-se tentar ameninar isto dizendo que é apenas uma opinião diferente da realidade o que uma pessoa tem em relação a outra, mas isto não elimina o fato de que cada uma das pessoas pretendem com sua opinião não por menos dizer a verdade da realidade e que tão pouco se aceita que a parede seja dura e mole ao mesmo tempo, pois é preciso saber o que ela é de fato, qual é de fato a realidade da parede. Além disso, qualquer opinião diferente deste modo não deixa de ser também um preconceito na medida em que o conhecimento de outra pessoa não é válido para dizer o que é a realidade e não importa quantas forem as opiniões sobre a realidade. Pois a realidade é não por menos tudo aquilo que elas pensam e dizem que é verdade mesmo sendo opiniões diferentes e como muitos costumam dizer para encerrar o assunto e evitar um conflito de opiniões: cada um tem a sua opinião e verdade.
O problema, neste caso, que se percebe em relação ao conhecimento a partir de uma opinião enquanto preconceito é que se evita, elimina-se e se destrói qualquer possibilidade de diálogo ou debate, mesmo que as pessoas falem e escutem uma a outra, quando o objetivo é tão somente manifestar seu pensamento, sua opinião, sua verdade da realidade. Isto porque o diálogo e o debate pressupõe que nenhuma das pessoas está com verdade de antemão e é a partir do diálogo e debate que a realidade se torna realidade e não a partir do que uma e outra pessoa pensa e diz que é verdade e a realidade. Deste modo, o diálogo e o debate consistindo no modo de se evitar o conhecimento a partir de uma opinião ou de várias opiniões preconceituosas que dizem que algo é a verdade e a realidade a partir de seu pensamento e fala.
Mais ainda, o diálogo e o debate consistindo num meio de evitar que cada pessoa seja ferida no seu ego ou fira outra no dele, ao modificar sua opinião sem que haja uma violência em seu íntimo, fazendo-a aceitar um pensamento diferente do seu e uma mudança no seu pensamento e em si mesma, fazendo-a conhecer a realidade para além do que ela pensa e fala sem ver a diferença de pensamento na fala de outra pessoa como uma contradição, oposição, negação, violência e um mal a si por ser diferente. Foi assim que entre os gregos se criou o diálogo e debate público de opiniões para saber a verdade na realidade dando a cada morador da cidade considerado como cidadão a liberdade de pensar e falar o que pensa sobre a realidade, no caso, sua opinião, mas sem se pensar que a sua opinião fosse já, imediatamente, a verdade. Isto porque a verdade sobre a realidade deveria ser uma razão, isto é, uma medida das opiniões de todos ao falarem o que pensam sobre a realidade em sua opinião, no caso, ao manifestarem seu pensamento e fala da verdade da realidade num discurso (logos). E deste modo democrático a realidade passou a ser conhecida de um modo geral e em todos os seus aspectos particulares por todos, principalmente de um modo científico e filosófico, quando o diálogo e debate e a razão se tornaram a condição de possibilidade de se conhecer a verdade e a realidade ao deixar de ser a verdade e a realidade o conhecimento de uma pessoa em sua opinião de modo preconceituoso para ser o conhecimento da opinião de todos numa certa medida, a partir de uma razão, no caso, a política como meio de resolver o grande problema para todos na cidade que é conhecer a verdade da realidade a partir da opinião de cada pessoa sem que nenhuma seja ferida em seu ego, em seu íntimo, seu ser, ou mesmo, sem que seja violentada em seu corpo ou que cometesse violência a partir de suas opiniões ferindo outras em seu íntimo e violentando-as para que aceitem que o que diz e pensa como a verdade e a realidade.
Eis que a ausência de diálogo e debate é a condição principal para a violência do preconceito que devemos evitar numa democracia. Algo que os gregos há mais de 2500 anos já pensaram como sendo a única forma de vivermos numa cidade sem violência a partir de preconceitos. Infelizmente, no Brasil de hoje, cada vez mais o preconceito se manifestando com pessoas querendo fazer de suas opiniões verdades sem qualquer preocupação com o que os outros dizem, com o que acontece na realidade para além de suas opiniões dela. É preciso que cada pessoa aprenda a conviver com os outros e a razão seja a medida da fala de todas, cada uma em suas diferenças, e não a fala de cada um em sua opinião querendo ter a razão, isto é, a medida da verdade e da realidade em seu pensamento e fala. Do contrário, todos os problemas das cidades em que vivemos como cidadãos vão ser resolvido a partir de um conhecimento preconceituoso da realidade sem querer se pensar de modo diferente e obrigando-se a todos pensarem do mesmo modo, ou ainda, impedindo outros de pensarem diferente e serem diferente em suas existências e seres a partir de seu pensamento.
É preciso evitar a violência do preconceito pois senão a violência do preconceito vai destruir cada vez mais pessoas em seu íntimo, sua existência e em seu ser, e a democracia em que ainda vivemos vai ser destruída totalmente por uma incapacidade das pessoas dialogarem e debaterem os problemas em suas diferenças de pensamento e fala sobre a verdade e a realidade. A democracia enquanto governo de todos não é a transformação de todos em iguais em seus pensamentos e falas sobre a verdade e a realidade, mas o governo de todos em suas diferentes opiniões evitando que cada pessoa seja ferida em seu íntimo e corpo e possa manifestar sua diferença. O direito à liberdade de manifestar sua diferença de fala, de pensamento, de verdade sobre a realidade é o princípio da democracia sem o qual todos os outros que pensam diferente e são diferentes de uma razão estabelecida por maioria perdem toda a liberdade de sua existência, perdem toda sua liberdade de serem quem são.
E, por fim, é estabelecida a maior violência do preconceito que é a violência à própria existência de outras pessoas que pensam diferentes e que são simplesmente mortas por isto, por serem diferentes de uma opinião que se torna maioria. A democracia não é o governo da maioria, nunca foi, é o governo das diferenças para as diferenças, independente da maioria.
O preconceito está deste modo relacionado ao conhecimento que temos da realidade, mais ou menos próximo dela e que, quando mais próximo ele é da realidade, mais absoluto ele se torna. Pode-se medir o preconceito pela distância que há entre aquilo que é dito e a realidade tal como ela é para ele. O problema é que na medida em que o preconceito é um conhecimento da realidade, ele diz o que é a realidade e, deste modo, a realidade não é algo exterior a ele, mas algo produzido por ele. Assim é que quando o eu acho ou o na minha opinião se torna uma verdade, o conhecimento não é mais sobre a realidade, mas a realidade que é tudo aquilo que é dito no eu acho da opinião quando se torna verdade.
Não existe, por sua vez, no que diz respeito ao preconceito nenhuma realidade de fato exterior a ele, pois tudo que se diz enquanto opinião sobre a realidade é já imediatamente verdade, é a realidade. E não há nenhuma modo de contradizer, de negar, de se dizer algo diferente em relação à verdade e à realidade do ponto de visto do preconceito, pois não é possível qualquer conhecimento além do conhecimento que se tem a partir dele. O conhecimento se torna, então, um conhecimento absoluto da realidade a partir dele mesmo sem qualquer possibilidade de questionamento, isto é, de possibilidade da realidade ser diferente do que se conhece.
Do ponto de visto do conhecimento preconceituoso, para uma pessoa pode achar que na opinião dela, uma parede é mole e, neste caso, a parede é mole pois esta é a opinião dela e ninguém pode contradizer, nem mesmo a parede, caso ela batesse sua cabeça contra ela, o que seria fácil neste caso demonstrar que o seu julgamento sobre a realidade da parede é falso, poder-se-ia pensar. Todavia, é de se imaginar que a pessoa não queira bater a cabeça na parede e não se pode forçar ela a isto com violência fazendo-a conhecer a realidade de outro modo. Talvez se pudesse aludir à experiência de muitas pessoas batendo a cabeça na parede e dizendo que ela é dura, mas mesmo assim a pessoa pode manter sua opinião sobre a realidade da parede de que ela é mole, pois neste caso são os outros que estão dizendo, mas não é esta a sua opinião. Ela pode, por fim, não querendo bater a cabeça na parede, simplesmente bater a mão para saber se é mole ou é dura, sentindo a parede na realidade, todavia, mesmo sentindo a dureza da parede, ela pode negar o que sente e continuar dizendo que a parede é mole na sua opinião, porque ela acha isso sobre a parede.
Deste modo radical, pode-se perceber como o preconceito é um conhecimento a partir de uma opinião que uma pessoa acha que é verdade e é a realidade e não importa uma exterioridade da parede na realidade ou a opinião dos outros sobre a realidade da parede, pois as outras opiniões serão sempre vistas como algo exterior a quem tem um conhecimento preconceituoso. Em outras palavras, o conhecimento preconceituoso não tem o menor interesse em saber se há uma realidade para além do que ele pensa e diz, pois a realidade é imediatamente o que ele pensa e diz, sem qualquer possibilidade de ser falso seu pensamento sobre ela. No preconceito, portanto, não há nenhuma separação entre o conhecimento e a realidade, entre aquele que pensa e fala e a realidade, ou ainda, entre o sujeito que fala e o objeto em sua realidade. Tudo que se pensa e diz como uma opinião por uma pessoa é verdade não importa o que ela pensa e diz e tão pouco a realidade, pois não há nenhuma possibilidade de separação entre o pensamento e a fala e a realidade, pois é verdade o que se pensa e diz sobre a realidade na sua opinião. E não há nenhuma forma de mudar a opinião na medida em que ela se torna verdade de modo imediato na fala da pessoa que diz o que pensa e o que pensa é a verdade da realidade.
Separar o pensamento e a fala e a realidade tentando demonstrar que o que se pensa, fala e a realidade podem ser diferentes, isto é, podem ser modificados, é o grande problema que se tem em relação ao conhecimento no que diz respeito às opiniões, pois qualquer diferença é vista já como contrária, uma oposição, uma negação e uma violência e, portanto, um mal a quem pensa e fala a verdade da realidade na sua opinião, ainda mais quando dizem a verdade as pessoas não querem ser modificadas em seu pensamento e fala da verdade e da realidade. Em outras palavras, quando qualquer diferença de opinião em relação ao que ela diz fere o seu ego, o seu eu, o seu íntimo no que ela pensa em relação a si mesma a partir de si mesma de um modo interior quando ela diz na minha opinião, eu acho. E, por fim, qualquer opinião diferente, deste ponto de vista, passa a ser uma negação de sua existência, de seu ser tal como ela pensa a partir de si mesma e seu pensamento se fecha totalmente quanto à qualquer possibilidade de diferença ao dizer é o que penso e pronto sem qualquer perspectiva de mudança dele, de sua fala, da realidade para si e fica com raiva e não por menos violenta quem pensa diferente a realidade, a verdade.
Pode-se tentar ameninar isto dizendo que é apenas uma opinião diferente da realidade o que uma pessoa tem em relação a outra, mas isto não elimina o fato de que cada uma das pessoas pretendem com sua opinião não por menos dizer a verdade da realidade e que tão pouco se aceita que a parede seja dura e mole ao mesmo tempo, pois é preciso saber o que ela é de fato, qual é de fato a realidade da parede. Além disso, qualquer opinião diferente deste modo não deixa de ser também um preconceito na medida em que o conhecimento de outra pessoa não é válido para dizer o que é a realidade e não importa quantas forem as opiniões sobre a realidade. Pois a realidade é não por menos tudo aquilo que elas pensam e dizem que é verdade mesmo sendo opiniões diferentes e como muitos costumam dizer para encerrar o assunto e evitar um conflito de opiniões: cada um tem a sua opinião e verdade.
O problema, neste caso, que se percebe em relação ao conhecimento a partir de uma opinião enquanto preconceito é que se evita, elimina-se e se destrói qualquer possibilidade de diálogo ou debate, mesmo que as pessoas falem e escutem uma a outra, quando o objetivo é tão somente manifestar seu pensamento, sua opinião, sua verdade da realidade. Isto porque o diálogo e o debate pressupõe que nenhuma das pessoas está com verdade de antemão e é a partir do diálogo e debate que a realidade se torna realidade e não a partir do que uma e outra pessoa pensa e diz que é verdade e a realidade. Deste modo, o diálogo e o debate consistindo no modo de se evitar o conhecimento a partir de uma opinião ou de várias opiniões preconceituosas que dizem que algo é a verdade e a realidade a partir de seu pensamento e fala.
Mais ainda, o diálogo e o debate consistindo num meio de evitar que cada pessoa seja ferida no seu ego ou fira outra no dele, ao modificar sua opinião sem que haja uma violência em seu íntimo, fazendo-a aceitar um pensamento diferente do seu e uma mudança no seu pensamento e em si mesma, fazendo-a conhecer a realidade para além do que ela pensa e fala sem ver a diferença de pensamento na fala de outra pessoa como uma contradição, oposição, negação, violência e um mal a si por ser diferente. Foi assim que entre os gregos se criou o diálogo e debate público de opiniões para saber a verdade na realidade dando a cada morador da cidade considerado como cidadão a liberdade de pensar e falar o que pensa sobre a realidade, no caso, sua opinião, mas sem se pensar que a sua opinião fosse já, imediatamente, a verdade. Isto porque a verdade sobre a realidade deveria ser uma razão, isto é, uma medida das opiniões de todos ao falarem o que pensam sobre a realidade em sua opinião, no caso, ao manifestarem seu pensamento e fala da verdade da realidade num discurso (logos). E deste modo democrático a realidade passou a ser conhecida de um modo geral e em todos os seus aspectos particulares por todos, principalmente de um modo científico e filosófico, quando o diálogo e debate e a razão se tornaram a condição de possibilidade de se conhecer a verdade e a realidade ao deixar de ser a verdade e a realidade o conhecimento de uma pessoa em sua opinião de modo preconceituoso para ser o conhecimento da opinião de todos numa certa medida, a partir de uma razão, no caso, a política como meio de resolver o grande problema para todos na cidade que é conhecer a verdade da realidade a partir da opinião de cada pessoa sem que nenhuma seja ferida em seu ego, em seu íntimo, seu ser, ou mesmo, sem que seja violentada em seu corpo ou que cometesse violência a partir de suas opiniões ferindo outras em seu íntimo e violentando-as para que aceitem que o que diz e pensa como a verdade e a realidade.
Eis que a ausência de diálogo e debate é a condição principal para a violência do preconceito que devemos evitar numa democracia. Algo que os gregos há mais de 2500 anos já pensaram como sendo a única forma de vivermos numa cidade sem violência a partir de preconceitos. Infelizmente, no Brasil de hoje, cada vez mais o preconceito se manifestando com pessoas querendo fazer de suas opiniões verdades sem qualquer preocupação com o que os outros dizem, com o que acontece na realidade para além de suas opiniões dela. É preciso que cada pessoa aprenda a conviver com os outros e a razão seja a medida da fala de todas, cada uma em suas diferenças, e não a fala de cada um em sua opinião querendo ter a razão, isto é, a medida da verdade e da realidade em seu pensamento e fala. Do contrário, todos os problemas das cidades em que vivemos como cidadãos vão ser resolvido a partir de um conhecimento preconceituoso da realidade sem querer se pensar de modo diferente e obrigando-se a todos pensarem do mesmo modo, ou ainda, impedindo outros de pensarem diferente e serem diferente em suas existências e seres a partir de seu pensamento.
É preciso evitar a violência do preconceito pois senão a violência do preconceito vai destruir cada vez mais pessoas em seu íntimo, sua existência e em seu ser, e a democracia em que ainda vivemos vai ser destruída totalmente por uma incapacidade das pessoas dialogarem e debaterem os problemas em suas diferenças de pensamento e fala sobre a verdade e a realidade. A democracia enquanto governo de todos não é a transformação de todos em iguais em seus pensamentos e falas sobre a verdade e a realidade, mas o governo de todos em suas diferentes opiniões evitando que cada pessoa seja ferida em seu íntimo e corpo e possa manifestar sua diferença. O direito à liberdade de manifestar sua diferença de fala, de pensamento, de verdade sobre a realidade é o princípio da democracia sem o qual todos os outros que pensam diferente e são diferentes de uma razão estabelecida por maioria perdem toda a liberdade de sua existência, perdem toda sua liberdade de serem quem são.
E, por fim, é estabelecida a maior violência do preconceito que é a violência à própria existência de outras pessoas que pensam diferentes e que são simplesmente mortas por isto, por serem diferentes de uma opinião que se torna maioria. A democracia não é o governo da maioria, nunca foi, é o governo das diferenças para as diferenças, independente da maioria.
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