A política do Big Brother Brasil
Há 16 anos, o Big Brother Brasil, mais conhecido como BBB, expõe os aspectos sociais mais tórpidos da sociedade brasileira dentro e fora da casa mais vigiada do país, e muitos são os que consideram um programa menor, até ínfimo, recusando-se a dar uma espiadinha que seja, sem querer conhecer nenhum brother da casa. Contudo, negar assisti-lo é não querer ver a realidade brasileira em sua política que se descortina a cada momento à nossa frente dentro e fora de casa, não a do Big Brother, mas a nossa, bem como de nossa cidade, Estado e país, já que, como pensava Aristóteles, a política de uma cidade-Estado (pólis) está diretamente relacionada à política doméstica. E não é difícil perceber semelhanças cruéis entre a casa do Big Brother e a de quem mora numa casa de condomínio ou apartamento de um edifício nas cidades urbanas hoje em dia.
Obviamente, ninguém obrigado a assistir ao BBB, e se diz frequentemente que o controle remoto resolve isto. Contudo, o controle remoto não resolve os problemas que acontecem dentro da casa do BBB, que são políticos que enfrentamos ainda mais hoje por conta da crise que passa o país e que resultam senão da busca de um maior poder do que outros numa competição para saber quem pode mais. Problemas que não são porque os moradores do BBB são escolhidos para dar Ibope, seja por seu corpo, seja por suas ações, mas do Brasil que precisam ser pensados ainda mais neste momento de crise.
Numa breve analogia de como Aristóteles pensava, tem-se que, em sua época, ele dizia que a política da cidade-Estado começa quando um casal se forma e constitui uma família. No caso, um casal heterossexual, há 2500 anos atrás, a família era algo natural no sentido de que se constitui por procriação e não por prazer ou afinidade, como ainda é em muitas culturas, e para muitas religiões, em que os casais não se formam por intimidade, mas por necessidade econômica política segundo a natureza. Cada família tem sua casa, mas a expansão das famílias fazem com que muitas delas se juntem em aldeias, conjunto de casas como os condomínios e edifícios atuais, posteriormente, vindo a surgir as cidades, os Estados e países-nações naturalmente por crescimento populacional e aglomeração de moradias num mesmo território.
É a partir da administração política da casa neste sentido que Aristóteles analisa a política em geral, haja vista que não há nenhuma diferença na analogia entre elas. Por sua vez, ao assistir o BBB, também podemos fazer a mesma experiência filosófica de Aristóles, mundando apenas alguns fatos que não estavam em seu alcance. Por exemplo, ao pensar a casa do Big Brother Brasil hoje, não podemos compará-la à de nossa convivência familiar, pois não tantas diferenças numa mesma família assim, mas podemos compará-la à convivência que temos com nossos vizinhos de condomínio ou de edifício, e não é difícil fazer esta analogia. É até mesmo necessário que se faça haja vista a demanda de problemas que resultam desta convivência comunitária semelhante a dos aldeiamentos antigos, e alguns atuais, contudo, sem a antropologia do parentesco tão estudada por Lévi-Strauss para garantir alguma ordem, mas a de um proto-Estado com seus códigos civis e políticos.
É fácil perceber segundo esta analogia, por exemplo, como ao se morar numa casa num condomínio ou apartamento num prédio os moradores se tratam com a maior benevolência de todas e a alegria imanente a qualquer chegada que constitui muitas vezes votos eternos de companheirismo. É fácil perceber como todos se demonstram conscientes da ordem necessária que é preciso manter no condomínio para que não haja conflitos entre vizinhos. É fácil perceber como grupos se formam aleatoriamente e começam a constituírem vozes em alianças que se opõem a outras por não terem "afinidade" com elas e elegem aqueles que não são afins deles para serem expulsos como fazem muitos em seus votos para governantes. E é fácil perceber como toda a euforia da chegada se torna em pouco tempo em conflitos de "irmãos", com os excessos que vão se produzindo nas ações cotidianas e como a partida de alguns traz apenas um falso pesar devido à alegria subjacente a ele de um já vai tarde.
Neste caso, qualquer semelhança do BBB com a realidade não é mera coincidência, pois se trata de uma política produzida alhures em nosso cotidiano, quando pessoas exercem e querem exercer seu direito individual sobre o direito de todos, civis e políticos, fazendo valer mais alto a sua voz. Algo que está relacionado à incapacidade de muitos em manterem a mínima convivência social estabelecida anteriormente pelo parentesco que já não se tem mais hoje em dia, senão da forma deturpada de um proselitismo familiar e partidário, quando a família se torna a religião e é defendida através do poder político baseado no privilégio, como é o caso do emprego de parentes em cargos públicos. E que demonstra como em muitos condomínios, edifícios e cidades deste país, há sempre alguém querendo se aproveitar do que é público de modo privado, para o seu bem e para sua família, que não é mais baseada num parentesco que permite ainda reconhecer reconhecer aqueles que são os seus, deve-se dizer, mas num agrupamento de pessoas que já se conhecem mais tamanha a distância de linguagem e atitudes que há entre elas que não foram produzidas pelas novas tecnologias, mas que as tecnologias deram senão vazão no anseio de todos numa casa, por exemplo, não quererem se ver ou se falar.
Ao assistir o Big Brother Brasil não estamos de uma distopia política como também pensava George Orwell para 1984, e já vai além do que pensou, pois é senão um futuro pessimista que se vê nas ações dos brothers e que está menos relacionados a eles do que às ações de muitas pessoas no país com suas intrigas políticas e pacianas demonstrando que a política brasileira é mais profunda do que podemos resolver e não é com moralismo em relação ao Big Brother ou simplesmente mudando o canal que vamos conseguir resolver. Chegamos, enfim, num momento em que já não podemos mais nem assistir à televisão para não queremos ver a realidade como disse que se devia fazer um certo pensador, pois a realidade crítica grita a todos instante nas ações desmedidas das pessoas que já perderam há muito o bom senso tão bem partilhado a todos que Descartes pressupôs. Pois este foi subsumido por um espírito individual em seu anseio de poder político cada vez maior e a qualquer custo de modo, portanto, absoluto
Contra todo e qualquer espírito absoluto, talvez seja necessário pensar no espírito relativo pensado por Gabriel O pensador.
Obviamente, ninguém obrigado a assistir ao BBB, e se diz frequentemente que o controle remoto resolve isto. Contudo, o controle remoto não resolve os problemas que acontecem dentro da casa do BBB, que são políticos que enfrentamos ainda mais hoje por conta da crise que passa o país e que resultam senão da busca de um maior poder do que outros numa competição para saber quem pode mais. Problemas que não são porque os moradores do BBB são escolhidos para dar Ibope, seja por seu corpo, seja por suas ações, mas do Brasil que precisam ser pensados ainda mais neste momento de crise.
Numa breve analogia de como Aristóteles pensava, tem-se que, em sua época, ele dizia que a política da cidade-Estado começa quando um casal se forma e constitui uma família. No caso, um casal heterossexual, há 2500 anos atrás, a família era algo natural no sentido de que se constitui por procriação e não por prazer ou afinidade, como ainda é em muitas culturas, e para muitas religiões, em que os casais não se formam por intimidade, mas por necessidade econômica política segundo a natureza. Cada família tem sua casa, mas a expansão das famílias fazem com que muitas delas se juntem em aldeias, conjunto de casas como os condomínios e edifícios atuais, posteriormente, vindo a surgir as cidades, os Estados e países-nações naturalmente por crescimento populacional e aglomeração de moradias num mesmo território.
É a partir da administração política da casa neste sentido que Aristóteles analisa a política em geral, haja vista que não há nenhuma diferença na analogia entre elas. Por sua vez, ao assistir o BBB, também podemos fazer a mesma experiência filosófica de Aristóles, mundando apenas alguns fatos que não estavam em seu alcance. Por exemplo, ao pensar a casa do Big Brother Brasil hoje, não podemos compará-la à de nossa convivência familiar, pois não tantas diferenças numa mesma família assim, mas podemos compará-la à convivência que temos com nossos vizinhos de condomínio ou de edifício, e não é difícil fazer esta analogia. É até mesmo necessário que se faça haja vista a demanda de problemas que resultam desta convivência comunitária semelhante a dos aldeiamentos antigos, e alguns atuais, contudo, sem a antropologia do parentesco tão estudada por Lévi-Strauss para garantir alguma ordem, mas a de um proto-Estado com seus códigos civis e políticos.
É fácil perceber segundo esta analogia, por exemplo, como ao se morar numa casa num condomínio ou apartamento num prédio os moradores se tratam com a maior benevolência de todas e a alegria imanente a qualquer chegada que constitui muitas vezes votos eternos de companheirismo. É fácil perceber como todos se demonstram conscientes da ordem necessária que é preciso manter no condomínio para que não haja conflitos entre vizinhos. É fácil perceber como grupos se formam aleatoriamente e começam a constituírem vozes em alianças que se opõem a outras por não terem "afinidade" com elas e elegem aqueles que não são afins deles para serem expulsos como fazem muitos em seus votos para governantes. E é fácil perceber como toda a euforia da chegada se torna em pouco tempo em conflitos de "irmãos", com os excessos que vão se produzindo nas ações cotidianas e como a partida de alguns traz apenas um falso pesar devido à alegria subjacente a ele de um já vai tarde.
Neste caso, qualquer semelhança do BBB com a realidade não é mera coincidência, pois se trata de uma política produzida alhures em nosso cotidiano, quando pessoas exercem e querem exercer seu direito individual sobre o direito de todos, civis e políticos, fazendo valer mais alto a sua voz. Algo que está relacionado à incapacidade de muitos em manterem a mínima convivência social estabelecida anteriormente pelo parentesco que já não se tem mais hoje em dia, senão da forma deturpada de um proselitismo familiar e partidário, quando a família se torna a religião e é defendida através do poder político baseado no privilégio, como é o caso do emprego de parentes em cargos públicos. E que demonstra como em muitos condomínios, edifícios e cidades deste país, há sempre alguém querendo se aproveitar do que é público de modo privado, para o seu bem e para sua família, que não é mais baseada num parentesco que permite ainda reconhecer reconhecer aqueles que são os seus, deve-se dizer, mas num agrupamento de pessoas que já se conhecem mais tamanha a distância de linguagem e atitudes que há entre elas que não foram produzidas pelas novas tecnologias, mas que as tecnologias deram senão vazão no anseio de todos numa casa, por exemplo, não quererem se ver ou se falar.
Ao assistir o Big Brother Brasil não estamos de uma distopia política como também pensava George Orwell para 1984, e já vai além do que pensou, pois é senão um futuro pessimista que se vê nas ações dos brothers e que está menos relacionados a eles do que às ações de muitas pessoas no país com suas intrigas políticas e pacianas demonstrando que a política brasileira é mais profunda do que podemos resolver e não é com moralismo em relação ao Big Brother ou simplesmente mudando o canal que vamos conseguir resolver. Chegamos, enfim, num momento em que já não podemos mais nem assistir à televisão para não queremos ver a realidade como disse que se devia fazer um certo pensador, pois a realidade crítica grita a todos instante nas ações desmedidas das pessoas que já perderam há muito o bom senso tão bem partilhado a todos que Descartes pressupôs. Pois este foi subsumido por um espírito individual em seu anseio de poder político cada vez maior e a qualquer custo de modo, portanto, absoluto
Contra todo e qualquer espírito absoluto, talvez seja necessário pensar no espírito relativo pensado por Gabriel O pensador.
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