Bem-vindo ao jogo e boa sorte
Um jogo sempre envolve emoções. Muitas vezes emoções inesperadas. Emoções que dependem de uma jogada bem feita ou não em relação a um adversário que se quer vencer. Em geral, pensa-se que o objetivo do jogo é vencer o adversário, mas para vencê-lo, é preciso primeiro vencer suas próprias emoções.
Se um jogo é feito de regras dentro das quais se deve vencer para ser um jogo limpo, como toda moral, as emoções são aquilo que tendem a quebrar estas regras e é preciso controlar as emoções para não quebrar as regras e vencer, porém, de modo injusto. Um jogo não admite injustiça. Suas regras são a garantia disto, de que as emoções não burlarão as regras do jogo e que o vencedor tem mérito pela vitória.
Vencer as emoções é o princÃpio ético por excelência desde muito tempo e é preciso de ética para vencer o jogo sem quebrar as regras, sem destruir a moral que há nele. Cada jogada requer uma decisão bem pensada neste sentido, pois em cada decisão, uma emoção está em jogo. Às vezes, emoções que não pensamos que fazem parte dele.
No filme Bem-vindo ao jogo (Lucky You, 2007), de Curtis Hanson, é possÃvel perceber como as emoções interferem num jogo, no caso, o jogo de pôquer, um jogo em que as cartas na mesa são mais do que uma metáfora para as emoções, são sua própria expressão. A cada carta dada, vista, revista e imaginada, uma emoção tende a transparecer no rosto de quem a recebe e tudo depende de como ela é sentida por aquele que joga. Nenhum jogo, neste sentido, é mais ético que o pôquer em que cada jogada, as decisões envolve diversas emoções.
Diferentemente de muitos jogos em que os jogadores em algum momento tendem a sobressair a ação do corpo em relação à mente com uma habilidade fÃsica que supera a mente do adversário, como num drible, por exemplo, ou numa tacada de mestre, no pôquer, não há automatismo. A mente deve sempre sobressair sobre o corpo, controlá-lo, como almejava Platão em sua ética e os estoicos em seguida a ele e os cristão mais fervorosamente. Pois, um mÃnimo gesto do corpo pode ser lido como uma oportunidade de vitória.
Em nenhum outro jogo também as emoções envolvidas são tão envolventes como num jogo de pôquer e o jogador se vê tão frente a elas, a cada instante, a cada momento da partida. Jogar pôquer não é um esporte de diversão, mas de imersão. Não se diverte a vida nele, mas a imerge totalmente ao ponto de se perdê-la numa mesa, numa mão ou numa carta, quando se não sabe que muitas vezes o nada é suficiente.
Ao jogar pôquer não é apenas com o adversário que se joga cartas, mas consigo mesmo e com o quanto as cartas podem lhe afetar durante o jogo e fora dele. E, em geral, as cartas nunca veem só, mas acompanhadas de valores que acrescem ou diminuem ainda mais os valores da vida com suas apostas de risco. Não parece, mas há risco num jogo de pôquer que vão muito além do jogo mais perigoso, violento ou cruel, mesmo que o adversário não seja tão temeroso assim, pois uma olhada em seus olhos é capaz de dar a vitória ou a derrota. O que não elimina o risco, pois na próxima rodada o vencedor pode sempre ser o perdedor. E se pode perder tudo num jogo de cartas, inclusive, a própria vida, bem mais do que a dignidade dela.
Dizem que quem azar no jogo, tem sorte no amor, como se o jogo fosse de azar ou sorte, de um acaso qualquer que se interpõe entre um e outro jogador pendendo sempre para e para outro à revelia dele. No filme, Bem-vindo ao jogo, podemos perceber algo diferente disto, pois o acaso não é o mais importante e o amor não depende necessariamente da má sorte, o azar propriamente dito. O acaso é menos aquilo que se quer para si do que aquilo que se quer bem longe de si, sendo a sorte apenas o ganho que se obtém com a habilidade do jogo. Suprimir o acaso a todo instante é o grande objetivo de um jogo, ao contrário, portanto, do que muitos pensam, mas muitos compreendem quando vem um jogo definido simplesmente pela sorte, por um momento fulgaz que eles não consideram justo ao derrotado.
A sorte nunca é bem-vinda no jogo, seja ele qual for. Muito menos ainda no pôquer. A sorte é apenas aquele momento do jogo em que o desesperado, aquele que não conseguiu controlar sua emoções põe sua vida em risco e geralmente perde por ter sido imprudente. Prudência que o pai de Huck tenta lhe ensinar e que teve que aprender com muito custo literalmente. Prudência que Huck não tem ao enfrentar o próprio pai por suas emoções estarem envolvidas demais no jogo, por pensar que vencer o jogo é vencer o pai e não vencer a si mesmo. Prudência que é a principal virtude para Aristóteles, por envolver deliberação e decisão de acordo com a razão e não com as emoções, evitando-se o excesso e a falta. Tudo que se deve aprender quando se começa a jogar pôquer, poderÃamos dizer, evitando o vÃcio em relação a ele, pelo excesso e pela falta, e que Huck a muito custo também aprende.
Quem consegue, porém, controlar totalmente emoções? Ser totalmente prudente durante toda a vida? Não é a um controle total das emoções que se refere a ética, todavia, mesmo que assim a vejam platônicos, estoicos e cristãos ultraortodoxos. Mas o que fazer, se não é possÃvel controlar as emoções? Mais do que controlar as emoções, num jogo de pôquer ou na vida, o que importa é conhecê-las, saber quais são importantes serem postas na mesa ou não, quais tem maior ou menor valor, quais devem ser guardadas apenas para si, para uma próxima rodada, pois, sem emoção, não há jogo, nem vida. O que Huck enfim descobre olhando pela primeira vez seu pai com emoção em seu rosto e guardando-a para si, passando-lhe a vez e a vitória naquele momento, pois vencer um jogo não é o mesmo que vencer na vida, já que nesta dar e receber é mais difÃcil do que vencer e perder.
Se um jogo é feito de regras dentro das quais se deve vencer para ser um jogo limpo, como toda moral, as emoções são aquilo que tendem a quebrar estas regras e é preciso controlar as emoções para não quebrar as regras e vencer, porém, de modo injusto. Um jogo não admite injustiça. Suas regras são a garantia disto, de que as emoções não burlarão as regras do jogo e que o vencedor tem mérito pela vitória.
Vencer as emoções é o princÃpio ético por excelência desde muito tempo e é preciso de ética para vencer o jogo sem quebrar as regras, sem destruir a moral que há nele. Cada jogada requer uma decisão bem pensada neste sentido, pois em cada decisão, uma emoção está em jogo. Às vezes, emoções que não pensamos que fazem parte dele.
No filme Bem-vindo ao jogo (Lucky You, 2007), de Curtis Hanson, é possÃvel perceber como as emoções interferem num jogo, no caso, o jogo de pôquer, um jogo em que as cartas na mesa são mais do que uma metáfora para as emoções, são sua própria expressão. A cada carta dada, vista, revista e imaginada, uma emoção tende a transparecer no rosto de quem a recebe e tudo depende de como ela é sentida por aquele que joga. Nenhum jogo, neste sentido, é mais ético que o pôquer em que cada jogada, as decisões envolve diversas emoções.
Diferentemente de muitos jogos em que os jogadores em algum momento tendem a sobressair a ação do corpo em relação à mente com uma habilidade fÃsica que supera a mente do adversário, como num drible, por exemplo, ou numa tacada de mestre, no pôquer, não há automatismo. A mente deve sempre sobressair sobre o corpo, controlá-lo, como almejava Platão em sua ética e os estoicos em seguida a ele e os cristão mais fervorosamente. Pois, um mÃnimo gesto do corpo pode ser lido como uma oportunidade de vitória.
Em nenhum outro jogo também as emoções envolvidas são tão envolventes como num jogo de pôquer e o jogador se vê tão frente a elas, a cada instante, a cada momento da partida. Jogar pôquer não é um esporte de diversão, mas de imersão. Não se diverte a vida nele, mas a imerge totalmente ao ponto de se perdê-la numa mesa, numa mão ou numa carta, quando se não sabe que muitas vezes o nada é suficiente.
Ao jogar pôquer não é apenas com o adversário que se joga cartas, mas consigo mesmo e com o quanto as cartas podem lhe afetar durante o jogo e fora dele. E, em geral, as cartas nunca veem só, mas acompanhadas de valores que acrescem ou diminuem ainda mais os valores da vida com suas apostas de risco. Não parece, mas há risco num jogo de pôquer que vão muito além do jogo mais perigoso, violento ou cruel, mesmo que o adversário não seja tão temeroso assim, pois uma olhada em seus olhos é capaz de dar a vitória ou a derrota. O que não elimina o risco, pois na próxima rodada o vencedor pode sempre ser o perdedor. E se pode perder tudo num jogo de cartas, inclusive, a própria vida, bem mais do que a dignidade dela.
Dizem que quem azar no jogo, tem sorte no amor, como se o jogo fosse de azar ou sorte, de um acaso qualquer que se interpõe entre um e outro jogador pendendo sempre para e para outro à revelia dele. No filme, Bem-vindo ao jogo, podemos perceber algo diferente disto, pois o acaso não é o mais importante e o amor não depende necessariamente da má sorte, o azar propriamente dito. O acaso é menos aquilo que se quer para si do que aquilo que se quer bem longe de si, sendo a sorte apenas o ganho que se obtém com a habilidade do jogo. Suprimir o acaso a todo instante é o grande objetivo de um jogo, ao contrário, portanto, do que muitos pensam, mas muitos compreendem quando vem um jogo definido simplesmente pela sorte, por um momento fulgaz que eles não consideram justo ao derrotado.
A sorte nunca é bem-vinda no jogo, seja ele qual for. Muito menos ainda no pôquer. A sorte é apenas aquele momento do jogo em que o desesperado, aquele que não conseguiu controlar sua emoções põe sua vida em risco e geralmente perde por ter sido imprudente. Prudência que o pai de Huck tenta lhe ensinar e que teve que aprender com muito custo literalmente. Prudência que Huck não tem ao enfrentar o próprio pai por suas emoções estarem envolvidas demais no jogo, por pensar que vencer o jogo é vencer o pai e não vencer a si mesmo. Prudência que é a principal virtude para Aristóteles, por envolver deliberação e decisão de acordo com a razão e não com as emoções, evitando-se o excesso e a falta. Tudo que se deve aprender quando se começa a jogar pôquer, poderÃamos dizer, evitando o vÃcio em relação a ele, pelo excesso e pela falta, e que Huck a muito custo também aprende.
Quem consegue, porém, controlar totalmente emoções? Ser totalmente prudente durante toda a vida? Não é a um controle total das emoções que se refere a ética, todavia, mesmo que assim a vejam platônicos, estoicos e cristãos ultraortodoxos. Mas o que fazer, se não é possÃvel controlar as emoções? Mais do que controlar as emoções, num jogo de pôquer ou na vida, o que importa é conhecê-las, saber quais são importantes serem postas na mesa ou não, quais tem maior ou menor valor, quais devem ser guardadas apenas para si, para uma próxima rodada, pois, sem emoção, não há jogo, nem vida. O que Huck enfim descobre olhando pela primeira vez seu pai com emoção em seu rosto e guardando-a para si, passando-lhe a vez e a vitória naquele momento, pois vencer um jogo não é o mesmo que vencer na vida, já que nesta dar e receber é mais difÃcil do que vencer e perder.
Nenhum comentário: