A tecnoética nos dias atuais
A tecnologia sempre produziu impactos sociais e políticos historicamente. Contudo, não tanto quanto nos últimos 500 anos com o início da modernidade, e, menos ainda do que nos últimos 100, com o advento de uma pós-modernidade. Impactos históricos que se tornam ínfimos mais ainda perante o que aconteceu nas últimas décadas com a advento da novas tecnologias da informação e comunicação relacionadas ao desenvolvimento da Internet nesta que é hoje conhecida como a sociedade da informação, e da comunicação, descrita em seu alvorecer por McLuhan.
Não por menos também, durante todo o período histórico humano, a tecnologia tem implicado em questões éticas, principalmente a partir do que é feito com elas ou a partir delas, no caso, revoltas, revoluções e guerras que se foram ruidosas principalmente no século que passou, também foram silenciosas, aos poucos produzindo a mesma destruição de valores e a mesma experiência de pobreza que os ruídos das bombas em Londres na primeira guerra mundial, dilacerando aos poucos milhares de pessoas nos anos que se seguiram a ela. Primeira Guerra que foi o primeiro de muitos momentos que se seguiriam no decorrer do século no qual a tecnologia colocou em questão a capacidade humana de progredir a partir dela, pois, a partir de então, ela deixaria de ser vista apenas como um meio nas mãos de alguns para ser um fim em si mesmo nas mãos de muitos como o fuzil AR-15. Muitos que fariam da guerra entre nações uma guerra constante nas periferias citadinas no mundo, principalmente, nas cidades em que o social e o político nunca se encontram e vivem sempre um a dispêndio do outro.
A todas as implicações éticas que a tecnologia colocou historicamente à humanidade de modo social e político é o que se denomina aqui, portanto, por tecnoética cuja área de abrangência é toda aquela em que a tecnologia se faz presente de modo problemático em sua aplicação, causando de alguma forma a necessidade de uma deliberação e de uma decisão que implica numa mudança de valores. O que, por este último aspecto, podemos dizer que sempre a tecnologia implica uma mudança de valores, uma transvaloração deles em sua aplicação, cuja reação é não por menos a tentativa de se conservar os valores anteriores a ela, a revaloração deles de algum modo a partir dela, contra ela ou com ela. Em outras palavras, isto quer dizer que a tecnologia sempre implica uma ética no sentido em que ela sempre põe em questão uma moral, a determinação de valores morais e sua imposição, pura e simples, principalmente na forma de violência, isto é, de uma limitação da liberdade. Esta, por sua vez, que é o princípio e fim ético por excelência a partir do qual há toda uma deliberação e tomada de decisão para o bem e para o mal e que não deve ser confundida com o livre-arbítrio moral das alternativas entre o bom e o mau em que se deve escolher um dos dois, posto que a liberdade é um de tudo.
Ao implicar a ética, a tecnologia coloca em questão, portanto, a nossa capacidade de transvalorar os valores, de ir além deles, e de tentar entender os valores que estão sendo construídos de modo. Ela implica que busquemos saber se a substituição dos valores existentes é em detrimento de nossa própria valoração como uma revaloração ou uma desvalorização pura e simplesmente de nossa liberdade. Isto porque a liberdade enquanto princípio não tem valor nenhum quando ela não é também fim, o que, neste sentido, o meio é a mensagem que devemos decifrar para saber se os valores advindos a partir e com as diversas tecnologias estabelecem a relação entre estas duas antípodas, as unindo mesmo que separadamente, ou se eles são a revaloração ou desvalorização de qualquer possibilidade da liberdade ser princípio e fim, o que acontece frequentemente entre aqueles que a defendem, seja quando a colocam como princípio inalienável do ser humano cujo fim é a própria alienação dele, seja quando a colocam como fim ao ser humano cujo princípio é o fim mesmo do ser humano de modo total ou totalitário. Em nenhum destes casos, portanto, a liberdade sendo traduzida por meios que a constituam plenamente na medida em que a tradução dela enquanto princípio em fim não é tão simples como imagina a vã filosofia posto que requer uma fidelidade ao original que leva não por menos ir além dele e não em reproduzi-lo em si mesmo. Ou seja, porque na tradução já está em questão o paradigma tecnológico do meio transvalora os valores desde a origem e entender isto não é tarefa simples para tradutores inexperientes, porque é preciso, senão, entender toda a desconstrução de valores que a tradução e a tecnologia implicam eticamente em relação aos meios da linguagem que abrem terreno para a transvaloração dos valores a qual é apesar de tudo inevitável na medida em que implica a liberdade humana, seja como princípio e/ou fim, e já não se pode decidir em relação a isto, já que ela, a liberdade é uma questão mesma indecidível ao se referir a cada ser humano em sua individualidade.
Para não fugir às trivialidades, um caso em que se pode perceber isto e se poderia refletir alhures, é a recente revolta das operadoras de telefonia móvel no Brasil contra o Whatsapp ao prepararem um documento questionando o serviço de voz deste na medida em que este caso demonstra o quanto a tecnologia implica em questões éticas aparentemente banais, mas que demonstram o alcance dela no cotidiano produzindo ruídos silenciosos, estáticos, que são ecos em toda a sociedade e política em sua jurisdição atualmente. Obviamente, a questão dos valores implicados na querela das operadoras contra o sistema de mensagens on-line é econômica, mais do que política, haja vista que o Whatsapp tem oferecido "gratuitamente" um serviço de voz que as operadoras oferecem de modo pago e onerosamente, motivo pelo qual elas têm progressivamente perdido clientes. E, como se não bastasse isto, há o agravante dele ser um rizoma em toda a arborescência construída por elas cuja semente é o número da linha telefônica outorgado pelo Estado pelo qual elas pagam. Neste sentido, o Whatsapp não apenas oferece um sistema de voz como elas oferecem, só que "gratuitamente", mas usa os próprios recursos das operadoras, no caso, os números telefônicos, para oferecer os seus serviços.
Mesmo se sabendo que o que está em questão são valores econômicos e que não há almoço grátis no capitalismo como dizem abertamente os economistas e poucos escutam, ou se fazem de mouco, como este já surgiram muitos casos recentemente, todos documentados pelos autos jurídicos que constituem peça fundamental no que diz respeito a uma tecnoética, posto que, no cerne de toda a transvaloração de valores produzida pelas novas tecnologias da informação e comunicação estão os valores capitalistas produzidos desde a modernidade pela burguesia industrial cuja época pós-industrial em que se vive atualmente pôs em xeque do qual aquela tenta escapar de uma derrocada total na medida em que seu reinado está constantemente ameaçado pelas novas tecnologias. Sob este aspecto, Umberto Eco faz uma relação emblemática da Internet com a prensa de Gutemberg em sua conferência From Internet to Gutemberb, fazendo-nos pensar não apenas em toda a transvaloração produzida pela tecnologia da prensa que ruptilmente deu início à modernidade do sistema econômico político capitalista europeu desvalorizando o sistema econômico político da Idade Média europeia e histórico mundial, mas em toda a transvaloração do sistema econômico político capitalista moderno mundial atual em que o tradicional é agora o moderno diante do pós-moderno. O que esta questão histórica se pode perceber em relação à querela acima, tendo em vista que a telefonia reproduz a voz tal qual a prensa reproduz a escrita a partir de toda uma tecnologia industrial moderna da qual a tecnologia pós-industrial, propriamente informática, se aproveita para vender seus serviços sem "pagar" nada, algo absurdo, portanto, de um ponto de vista capitalista.
Algo a se notar, neste caso, é que ao produzirem um documento para ser entregue ao Estado, o que se coloca também em questão aqui é toda a estratégia econômica capitalista desmascarada por Marx da burguesia reclamar ao Estado o direito de propriedade privada, no caso, o de sua liberdade de dispor dos bens que possui ao seu modo, tendo em vista que paga por eles, e que estaria sendo usurpada na medida em que suas propriedades estariam sendo usadas para fins que não eram o seu lucro, mas seu prejuízo. E que, porém, não era apenas um prejuízo seu, mas de todo o Estado tendo em vista que este não apenas defende o sistema econômico capitalista, ele faz parte deste sistema, ainda mais atualmente, como mais uma empresa dele, cujos serviços sociais empreendidos deve ser pago na forma de tributos que as empresas de telefonia e toda a sociedade paga e que o Whatsapp não paga, entre eles, o tributo pelo número da linha telefônica. Neste sentido, não apenas elas estão perdendo dinheiro, mas também o Estado que está deixando de recolher milhões que poderiam ser investido na sociedade, ou ainda, na melhoria da telefonia mesma, inclusive, contratando as próprias empresas para fazerem estas melhorias na forma de concessão pública.
Ora, nada mais moderno do que reclamar ao Estado o direito de violência contra a liberdade, o direito de liberdade de ser violento com aqueles que querem agir livremente contra os valores preestabelecidos modernamente. Nada melhor do que a liberdade de expressão para violentar a própria expressão da liberdade quando esta já não se expressa do modo que se pensava antes, pelos mesmos meios que antes. E nada mais moderno do que capitalistas reclamarem ao Estado o direito de liberdade garantido pela propriedade privada deles que priva de liberdade todos aqueles que não a detém e a partir da qual eles lucram quanto mais for a perda de liberdade de todos em relação aos meios. Meios que os capitalistas industriais de telefonia já não dominam completamente ou dominam a um custo muito alto, o da própria desvalorização dos "seus" produtos, dos quais eles se orgulham de terem "produzido" com as "próprias mãos" com as empresas que criaram possibilitando emprego a todos e beneficiando a sociedade que, naturalmente, eles pretensamente pretendem defender ao reclamarem ao Estado seus direitos e fazer estes também reclamar os seus.
O que fazer? A pergunta de Lenin, lema a toda ética, retumba em casos como este que se fazem ouvir ruidosa ou silenciosamente em diversas áreas do conhecimento e em relação ao conhecimento mesmo produzido modernamente por meio da ciência. Pois a todo instante e a cada instante, novas tecnologias são pensadas, criadas, testadas, aplicadas a partir da informação e comunicação computadorizada e que, em mesma medida, implicam transvalorações dos valores construídos modernamente, para o bem e para o mal, se tornando um "bem", público ou privado, para milhares de pessoas que se beneficiam com elas. Em contrapartida também, nesta mesma medida, crescendo o número de casos em que há uma reação a estas novas tecnologias por meio de revalorações não apenas dos valores econômicos políticos e éticos empresarias capitalistas, mas de valores bem mais antigos que eles, religiosos e míticos, ou ainda, de uma reação de desvalorização do ser humano a partir da própria tecnologia.
Em meio a todos estes aspectos, aquilo que definimos por tecnoética é uma disciplina cuja área está em expansão tanto quanto o universo expandindo-se à velocidade da luz. E que se a velocidade, desde Galileu Galilei, foi uma das maiores descobertas produzidas pela tecnologia moderna, a pós-modernidade a tem traduzido cada vez mais com a Internet a nos fazer perceber o tempo cada vez mais em seu instante. O que, no mundo capitalista em que vivemos, se tempo é dinheiro, o instante é o dinheiro traduzido propriamente em tempo, o momento no qual há a troca dos valores de uso costumeiros pelos valores obtidos pela troca que são novos valores ainda que na realidade tenham um uso parecido com o que se tinha antigamente e tudo, na troca, seja, enfim, troca de usos, como o da reprodução da voz pela telefonia pela reprodução da voz pela computação telefônica. Em uma e outra se perdendo e/ou ganhando mais dinheiro, o que ninguém quer perder, muito menos tempo, neste mundo parabolicamará.
Não por menos também, durante todo o período histórico humano, a tecnologia tem implicado em questões éticas, principalmente a partir do que é feito com elas ou a partir delas, no caso, revoltas, revoluções e guerras que se foram ruidosas principalmente no século que passou, também foram silenciosas, aos poucos produzindo a mesma destruição de valores e a mesma experiência de pobreza que os ruídos das bombas em Londres na primeira guerra mundial, dilacerando aos poucos milhares de pessoas nos anos que se seguiram a ela. Primeira Guerra que foi o primeiro de muitos momentos que se seguiriam no decorrer do século no qual a tecnologia colocou em questão a capacidade humana de progredir a partir dela, pois, a partir de então, ela deixaria de ser vista apenas como um meio nas mãos de alguns para ser um fim em si mesmo nas mãos de muitos como o fuzil AR-15. Muitos que fariam da guerra entre nações uma guerra constante nas periferias citadinas no mundo, principalmente, nas cidades em que o social e o político nunca se encontram e vivem sempre um a dispêndio do outro.
A todas as implicações éticas que a tecnologia colocou historicamente à humanidade de modo social e político é o que se denomina aqui, portanto, por tecnoética cuja área de abrangência é toda aquela em que a tecnologia se faz presente de modo problemático em sua aplicação, causando de alguma forma a necessidade de uma deliberação e de uma decisão que implica numa mudança de valores. O que, por este último aspecto, podemos dizer que sempre a tecnologia implica uma mudança de valores, uma transvaloração deles em sua aplicação, cuja reação é não por menos a tentativa de se conservar os valores anteriores a ela, a revaloração deles de algum modo a partir dela, contra ela ou com ela. Em outras palavras, isto quer dizer que a tecnologia sempre implica uma ética no sentido em que ela sempre põe em questão uma moral, a determinação de valores morais e sua imposição, pura e simples, principalmente na forma de violência, isto é, de uma limitação da liberdade. Esta, por sua vez, que é o princípio e fim ético por excelência a partir do qual há toda uma deliberação e tomada de decisão para o bem e para o mal e que não deve ser confundida com o livre-arbítrio moral das alternativas entre o bom e o mau em que se deve escolher um dos dois, posto que a liberdade é um de tudo.
Ao implicar a ética, a tecnologia coloca em questão, portanto, a nossa capacidade de transvalorar os valores, de ir além deles, e de tentar entender os valores que estão sendo construídos de modo. Ela implica que busquemos saber se a substituição dos valores existentes é em detrimento de nossa própria valoração como uma revaloração ou uma desvalorização pura e simplesmente de nossa liberdade. Isto porque a liberdade enquanto princípio não tem valor nenhum quando ela não é também fim, o que, neste sentido, o meio é a mensagem que devemos decifrar para saber se os valores advindos a partir e com as diversas tecnologias estabelecem a relação entre estas duas antípodas, as unindo mesmo que separadamente, ou se eles são a revaloração ou desvalorização de qualquer possibilidade da liberdade ser princípio e fim, o que acontece frequentemente entre aqueles que a defendem, seja quando a colocam como princípio inalienável do ser humano cujo fim é a própria alienação dele, seja quando a colocam como fim ao ser humano cujo princípio é o fim mesmo do ser humano de modo total ou totalitário. Em nenhum destes casos, portanto, a liberdade sendo traduzida por meios que a constituam plenamente na medida em que a tradução dela enquanto princípio em fim não é tão simples como imagina a vã filosofia posto que requer uma fidelidade ao original que leva não por menos ir além dele e não em reproduzi-lo em si mesmo. Ou seja, porque na tradução já está em questão o paradigma tecnológico do meio transvalora os valores desde a origem e entender isto não é tarefa simples para tradutores inexperientes, porque é preciso, senão, entender toda a desconstrução de valores que a tradução e a tecnologia implicam eticamente em relação aos meios da linguagem que abrem terreno para a transvaloração dos valores a qual é apesar de tudo inevitável na medida em que implica a liberdade humana, seja como princípio e/ou fim, e já não se pode decidir em relação a isto, já que ela, a liberdade é uma questão mesma indecidível ao se referir a cada ser humano em sua individualidade.
Para não fugir às trivialidades, um caso em que se pode perceber isto e se poderia refletir alhures, é a recente revolta das operadoras de telefonia móvel no Brasil contra o Whatsapp ao prepararem um documento questionando o serviço de voz deste na medida em que este caso demonstra o quanto a tecnologia implica em questões éticas aparentemente banais, mas que demonstram o alcance dela no cotidiano produzindo ruídos silenciosos, estáticos, que são ecos em toda a sociedade e política em sua jurisdição atualmente. Obviamente, a questão dos valores implicados na querela das operadoras contra o sistema de mensagens on-line é econômica, mais do que política, haja vista que o Whatsapp tem oferecido "gratuitamente" um serviço de voz que as operadoras oferecem de modo pago e onerosamente, motivo pelo qual elas têm progressivamente perdido clientes. E, como se não bastasse isto, há o agravante dele ser um rizoma em toda a arborescência construída por elas cuja semente é o número da linha telefônica outorgado pelo Estado pelo qual elas pagam. Neste sentido, o Whatsapp não apenas oferece um sistema de voz como elas oferecem, só que "gratuitamente", mas usa os próprios recursos das operadoras, no caso, os números telefônicos, para oferecer os seus serviços.
Mesmo se sabendo que o que está em questão são valores econômicos e que não há almoço grátis no capitalismo como dizem abertamente os economistas e poucos escutam, ou se fazem de mouco, como este já surgiram muitos casos recentemente, todos documentados pelos autos jurídicos que constituem peça fundamental no que diz respeito a uma tecnoética, posto que, no cerne de toda a transvaloração de valores produzida pelas novas tecnologias da informação e comunicação estão os valores capitalistas produzidos desde a modernidade pela burguesia industrial cuja época pós-industrial em que se vive atualmente pôs em xeque do qual aquela tenta escapar de uma derrocada total na medida em que seu reinado está constantemente ameaçado pelas novas tecnologias. Sob este aspecto, Umberto Eco faz uma relação emblemática da Internet com a prensa de Gutemberg em sua conferência From Internet to Gutemberb, fazendo-nos pensar não apenas em toda a transvaloração produzida pela tecnologia da prensa que ruptilmente deu início à modernidade do sistema econômico político capitalista europeu desvalorizando o sistema econômico político da Idade Média europeia e histórico mundial, mas em toda a transvaloração do sistema econômico político capitalista moderno mundial atual em que o tradicional é agora o moderno diante do pós-moderno. O que esta questão histórica se pode perceber em relação à querela acima, tendo em vista que a telefonia reproduz a voz tal qual a prensa reproduz a escrita a partir de toda uma tecnologia industrial moderna da qual a tecnologia pós-industrial, propriamente informática, se aproveita para vender seus serviços sem "pagar" nada, algo absurdo, portanto, de um ponto de vista capitalista.
Algo a se notar, neste caso, é que ao produzirem um documento para ser entregue ao Estado, o que se coloca também em questão aqui é toda a estratégia econômica capitalista desmascarada por Marx da burguesia reclamar ao Estado o direito de propriedade privada, no caso, o de sua liberdade de dispor dos bens que possui ao seu modo, tendo em vista que paga por eles, e que estaria sendo usurpada na medida em que suas propriedades estariam sendo usadas para fins que não eram o seu lucro, mas seu prejuízo. E que, porém, não era apenas um prejuízo seu, mas de todo o Estado tendo em vista que este não apenas defende o sistema econômico capitalista, ele faz parte deste sistema, ainda mais atualmente, como mais uma empresa dele, cujos serviços sociais empreendidos deve ser pago na forma de tributos que as empresas de telefonia e toda a sociedade paga e que o Whatsapp não paga, entre eles, o tributo pelo número da linha telefônica. Neste sentido, não apenas elas estão perdendo dinheiro, mas também o Estado que está deixando de recolher milhões que poderiam ser investido na sociedade, ou ainda, na melhoria da telefonia mesma, inclusive, contratando as próprias empresas para fazerem estas melhorias na forma de concessão pública.
Ora, nada mais moderno do que reclamar ao Estado o direito de violência contra a liberdade, o direito de liberdade de ser violento com aqueles que querem agir livremente contra os valores preestabelecidos modernamente. Nada melhor do que a liberdade de expressão para violentar a própria expressão da liberdade quando esta já não se expressa do modo que se pensava antes, pelos mesmos meios que antes. E nada mais moderno do que capitalistas reclamarem ao Estado o direito de liberdade garantido pela propriedade privada deles que priva de liberdade todos aqueles que não a detém e a partir da qual eles lucram quanto mais for a perda de liberdade de todos em relação aos meios. Meios que os capitalistas industriais de telefonia já não dominam completamente ou dominam a um custo muito alto, o da própria desvalorização dos "seus" produtos, dos quais eles se orgulham de terem "produzido" com as "próprias mãos" com as empresas que criaram possibilitando emprego a todos e beneficiando a sociedade que, naturalmente, eles pretensamente pretendem defender ao reclamarem ao Estado seus direitos e fazer estes também reclamar os seus.
O que fazer? A pergunta de Lenin, lema a toda ética, retumba em casos como este que se fazem ouvir ruidosa ou silenciosamente em diversas áreas do conhecimento e em relação ao conhecimento mesmo produzido modernamente por meio da ciência. Pois a todo instante e a cada instante, novas tecnologias são pensadas, criadas, testadas, aplicadas a partir da informação e comunicação computadorizada e que, em mesma medida, implicam transvalorações dos valores construídos modernamente, para o bem e para o mal, se tornando um "bem", público ou privado, para milhares de pessoas que se beneficiam com elas. Em contrapartida também, nesta mesma medida, crescendo o número de casos em que há uma reação a estas novas tecnologias por meio de revalorações não apenas dos valores econômicos políticos e éticos empresarias capitalistas, mas de valores bem mais antigos que eles, religiosos e míticos, ou ainda, de uma reação de desvalorização do ser humano a partir da própria tecnologia.
Em meio a todos estes aspectos, aquilo que definimos por tecnoética é uma disciplina cuja área está em expansão tanto quanto o universo expandindo-se à velocidade da luz. E que se a velocidade, desde Galileu Galilei, foi uma das maiores descobertas produzidas pela tecnologia moderna, a pós-modernidade a tem traduzido cada vez mais com a Internet a nos fazer perceber o tempo cada vez mais em seu instante. O que, no mundo capitalista em que vivemos, se tempo é dinheiro, o instante é o dinheiro traduzido propriamente em tempo, o momento no qual há a troca dos valores de uso costumeiros pelos valores obtidos pela troca que são novos valores ainda que na realidade tenham um uso parecido com o que se tinha antigamente e tudo, na troca, seja, enfim, troca de usos, como o da reprodução da voz pela telefonia pela reprodução da voz pela computação telefônica. Em uma e outra se perdendo e/ou ganhando mais dinheiro, o que ninguém quer perder, muito menos tempo, neste mundo parabolicamará.
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