A culpa é de quem?
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O primeiro filme, o que assisti no cinema com um amigo e me deixou extremamente mal, foi o Interestelar. Sabia que era um filme ruim. Inconscientemente sabia. Vi apenas uma estrelinha entre 66 pessoas que o assistiram num site de filmes. Algumas pessoas já tinham falado de como ele era incompreensível e li num site que a produtora dele estava vendendo ingressos ilimitados para quem quisesse assisti-lo várias vezes no cinema para poder entendê-lo.
No começo do filme, já me perguntava quem queria assistir aquele filme tantas vezes, pois, para mim, era óbvio: qualquer tentativa de explicá-lo seria incompreensível. Por que? Porque um filme enquanto obra de arte deve por si só se explicar, qualquer artista sabe disso, pois uma obra de arte é como a vida ou deve ser como ela. Ela se explica por si só e qualquer pessoa que tenta explicá-la só consegue chegar a uma frase pela metade que nunca termina... Mas o pior deste filme ridículo é que ele tenta demonstrar que há um futuro para a raça humana em qualquer lugar, menos na Terra, que já foi destruída pelos seres humanos com toda sua ganância de poder e guerras míticas. Que sair deste planeta é a melhor maneira de nos salvarmos, deixando tudo para trás depois que já ferramos com tudo. Que maravilha! Enfim, partindo de uma premissa errada, por mais de duas horas, os criadores deste filme persistem em nos fazer crer que a raça humana sobreviverá apesar de tudo, inclusive, de si mesma num outro planeta, seja lá qual for que ainda não foi destruído, mas que será mais dia menos dia por nós, podemos antever de buracos negros e tempos paralelos infinitos a partir do filme.
O segundo filme, que assisti em casa com minha esposa e que me deixou um pouco melhor, foi A culpa é das estrelas. Um filme baseado num livro de mesmo nome cuja única pretensão é demonstrar que a vida não está e nem precisa estar em outro lugar, que ela deve ser vivida em si mesma por cada um de nós aqui e agora, sempre se cuidando a cada instante para não ser perdida, algo que pode acontecer a cada instante, mesmo que o esperemos. Nele, também há uma viagem, mas diferente do primeiro, a raça humana não é salva por uma ficção científica como no segundo, ainda que neste, no fim, se possa dizer que foi por amor e não pela ciência. Não existe amor Interestelar, nem do pai pela filha, nem de um homem pela humanidade, somente instinto de sobrevivência, diferentemente do segundo, no qual, sim, a raça humana pode-se dizer salva pela ciência e pelo amor, e não apenas na ficção.
Se em A culpa é das estrelas podemos encontrar uma salvação que não encontramos apesar de tudo em Interestelar é que o que pode salvar a raça humana não é seu instinto de procriação, hoje em dia cada vez mais reduzido a meios científicos, como acreditava Schopenhauer, para quem o amor foi o meio criado pela natureza para que a procriação acontecesse e não este enlevo que tanto prezamos. O que nos salva, como no filme A culpa é das estrelas é compreender que a razão de nossa existência é o outro, o qual devemos cuidar a cada instante de nossas vidas, cuidando-nos o máximo possível para não o deixar sozinho, o que neste outro, inclui não por menos o nosso planeta, a Terra com tudo que há nela, algo pouco importante de ser cuidado para muitos.
E é somente partindo desta premissa, o cuidado de si e do outro, no caso, o cuidado de si para o outro e do outro para si, que nós, seres humanos, não de nascimento, mas de conquista a cada instante, é que podemos, enfim, nos salvar. Não eternamente, claro, pulando de planeta em planeta como os macacos de galho em galho, como o filme Interestelar, apesar de toda tecnologia, nos leva a crer que seja o fim da evolução humana, mas singularmente, unicamente, como seres humanos que vivem cada momento como se fosse o último de suas vidas, pois de fato é, sem que saibamos até que aconteça, até que a frase seja interrompida no meio não se sabe por culpa de quem
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