O valor econômico da educação
O valor econômico da educação é o título de um ensaio de Theodore Schultz publicado originalmente em 1963 e traduzido 10 anos depois para o português, uma das poucas obras econômicas dos teóricos do capital humano que pude encontrar nesta língua, já que as demais somente estariam disponíveis em inglês. Curiosamente, apenas as obras de Schultz referente ao capital humano estão disponíveis em português, sendo que as de Becker e outros também importantes contribuidores apenas se encontram na língua americana. E ainda assim, as obras de Schultz publicadas apenas na década de 70, segundo uma breve pesquisa que fiz em sua busca.
Esta referência à língua não é sem importância, haja vista que o aprendizado em outras línguas é parte do investimento que cada um atualmente deve fazer para adquirir não apenas conhecimentos a partir dela, mas também rendimentos com um emprego conseguido a partir deste atributo. Contudo, até que ponto o aprendizado em um língua ou em geral, pode constituir um valor econômico é o que justamente se coloca em questão no ensaio de Schultz, que busca incessantemente, por um lado, demonstrar o valor econômico da educação, por outro, por meio desta demonstração mesma, advertir, à época, a dificuldade de se definir em que medida a educação mesma contribui como valor econômico para o crescimento econômico, por não se conseguir definir o custo total da educação, consequentemente quanto se deve investir nela para que se tenha um determinado crescimento econômico. Uma hipótese que lhe parece razoável é a de estimar este custo de modo menos distorcido possível, o que ele procura fazer a partir da consideração do que ele denomina por salários não-recebidos pelos estudantes durante o período educacional, principalmente, quando estão no ensino secundário e universitário, neste último caso, podendo-se perceber melhor a relação entre educação e salários não-recebidos, tendo em vista a finalidade de cada estudo. Em relação a isto, algo que parece óbvio hoje em dia, mas que ele demonstra não ser até a década de 60, e passa a ser a partir dela, é a relação entre os anos escolares e a renda, particularmente crescente a cada ano acrescido, que tende a ser bastante elevada no que diz respeito ao primário e menor no secundário e universitário, estes quase equivalentes, em termos de salários não-recebidos.
Malgrado as questões econômicas peculiares referentes à sua análise, algo que parece importante depreender-se da leitura de seu ensaio é a dimensão do valor econômico da educação, independente a que período escolar se refira. Neste caso, considerando a hipótese básica de que a educação tem um valor econômico, não é difícil perceber o quão distante estamos ainda da compreensão do seu valor, seja do ponto de vista da mensuração dele e do benefício econômico proveniente dela, seja que representa este valor em termos de investimento, isto é, de uma renda futura, em outras palavras, como capital humano. Uma breve análise dos custos mínimos da educação, a despeito da dificuldade de se conseguir definir-lhe o custo total, pode nos dar uma dimensão do abismo em que nos pomos quanto a consideração do valor econômico da educação em nosso cotidiano.
Tomando como base para este custo mínimo da educação o valor de 300 reais da mensalidade de meu filho, numa escola particular mediana, e levando-se em conta que ele começou a estudar nela aos 2 anos, considerando-se ademais que este valor não se altere nos anos seguintes até o término escolar dele no nível médio, com 17 anos, o custo mínimo de sua educação será de 54 mil reais ao fim dos seus estudos. Considerando-se, por sua vez, que ele não tenha acrescentado aos seus estudos nenhuma instrução além da escolar e não tenha, neste sentido, nenhum conhecimento que o permita obter uma renda acima de um salário mínimo, de 700 reais arredondados a fim de uma melhor análise, o tempo necessário para ele pagar os 54 mil reais investidos em seus estudos, morando ainda comigo, sem nenhuma ajuda nas despesas, seria de 6,5 anos, repassando o total do seu salário recebido, e, metade dele, 13 anos. O que, por fim, somente aos 30 anos, ele teria pago seus estudos a partir do investimento que foi feito neles.
Para mais ou para menos, é possível perceber que independente do valor que se atribua ao custo mínimo da educação, ele será elevado, e como faz questão de dizer Schultz, não há propriamente educação gratuita, mesmo a do Estado, que dirá no Brasil, onde é aviltante a cobrança de impostos para custeá-la. Mas o mais importante desta breve análise é que a despeito do valor econômico elevado da educação hoje em dia o que se coloca a partir do exemplo acima é que todo o custo mínimo dela não permitirá ao meu filho as condições mínimas de vida a ele, a menos que a educação obtenha justamente o valor econômico a que se refere Schultz, aquele que aumenta seja as rendas individuais pela sua contribuição à "perícia" e a outras "habilidades", seja o crescimento econômico do país, na medida, enfim, que faz progredir o conhecimento humano. Nenhum destes aspectos condizentes a quem ganha um salário mínimo, cuja educação foi reduzida à força bruta ou à perícia e à habilidade cotidiana com os números ou a linguagem.
Para aqueles que tem ojeriza de se ver a educação do ponto de vista econômico, elevando-a quintessência da humanidade que não pode ser reduzida à frieza da economia, as palavras a seguir de Schultz demonstram uma compreensão da educação que vai além do seu diletantismo, defendido por muitos professores que não desejam ser medidos em seu conhecimento pelo valor econômico, mas não querem nunca, segundo eles, receberem menos do que valem.
Esta referência à língua não é sem importância, haja vista que o aprendizado em outras línguas é parte do investimento que cada um atualmente deve fazer para adquirir não apenas conhecimentos a partir dela, mas também rendimentos com um emprego conseguido a partir deste atributo. Contudo, até que ponto o aprendizado em um língua ou em geral, pode constituir um valor econômico é o que justamente se coloca em questão no ensaio de Schultz, que busca incessantemente, por um lado, demonstrar o valor econômico da educação, por outro, por meio desta demonstração mesma, advertir, à época, a dificuldade de se definir em que medida a educação mesma contribui como valor econômico para o crescimento econômico, por não se conseguir definir o custo total da educação, consequentemente quanto se deve investir nela para que se tenha um determinado crescimento econômico. Uma hipótese que lhe parece razoável é a de estimar este custo de modo menos distorcido possível, o que ele procura fazer a partir da consideração do que ele denomina por salários não-recebidos pelos estudantes durante o período educacional, principalmente, quando estão no ensino secundário e universitário, neste último caso, podendo-se perceber melhor a relação entre educação e salários não-recebidos, tendo em vista a finalidade de cada estudo. Em relação a isto, algo que parece óbvio hoje em dia, mas que ele demonstra não ser até a década de 60, e passa a ser a partir dela, é a relação entre os anos escolares e a renda, particularmente crescente a cada ano acrescido, que tende a ser bastante elevada no que diz respeito ao primário e menor no secundário e universitário, estes quase equivalentes, em termos de salários não-recebidos.
Malgrado as questões econômicas peculiares referentes à sua análise, algo que parece importante depreender-se da leitura de seu ensaio é a dimensão do valor econômico da educação, independente a que período escolar se refira. Neste caso, considerando a hipótese básica de que a educação tem um valor econômico, não é difícil perceber o quão distante estamos ainda da compreensão do seu valor, seja do ponto de vista da mensuração dele e do benefício econômico proveniente dela, seja que representa este valor em termos de investimento, isto é, de uma renda futura, em outras palavras, como capital humano. Uma breve análise dos custos mínimos da educação, a despeito da dificuldade de se conseguir definir-lhe o custo total, pode nos dar uma dimensão do abismo em que nos pomos quanto a consideração do valor econômico da educação em nosso cotidiano.
Tomando como base para este custo mínimo da educação o valor de 300 reais da mensalidade de meu filho, numa escola particular mediana, e levando-se em conta que ele começou a estudar nela aos 2 anos, considerando-se ademais que este valor não se altere nos anos seguintes até o término escolar dele no nível médio, com 17 anos, o custo mínimo de sua educação será de 54 mil reais ao fim dos seus estudos. Considerando-se, por sua vez, que ele não tenha acrescentado aos seus estudos nenhuma instrução além da escolar e não tenha, neste sentido, nenhum conhecimento que o permita obter uma renda acima de um salário mínimo, de 700 reais arredondados a fim de uma melhor análise, o tempo necessário para ele pagar os 54 mil reais investidos em seus estudos, morando ainda comigo, sem nenhuma ajuda nas despesas, seria de 6,5 anos, repassando o total do seu salário recebido, e, metade dele, 13 anos. O que, por fim, somente aos 30 anos, ele teria pago seus estudos a partir do investimento que foi feito neles.
Para mais ou para menos, é possível perceber que independente do valor que se atribua ao custo mínimo da educação, ele será elevado, e como faz questão de dizer Schultz, não há propriamente educação gratuita, mesmo a do Estado, que dirá no Brasil, onde é aviltante a cobrança de impostos para custeá-la. Mas o mais importante desta breve análise é que a despeito do valor econômico elevado da educação hoje em dia o que se coloca a partir do exemplo acima é que todo o custo mínimo dela não permitirá ao meu filho as condições mínimas de vida a ele, a menos que a educação obtenha justamente o valor econômico a que se refere Schultz, aquele que aumenta seja as rendas individuais pela sua contribuição à "perícia" e a outras "habilidades", seja o crescimento econômico do país, na medida, enfim, que faz progredir o conhecimento humano. Nenhum destes aspectos condizentes a quem ganha um salário mínimo, cuja educação foi reduzida à força bruta ou à perícia e à habilidade cotidiana com os números ou a linguagem.
Para aqueles que tem ojeriza de se ver a educação do ponto de vista econômico, elevando-a quintessência da humanidade que não pode ser reduzida à frieza da economia, as palavras a seguir de Schultz demonstram uma compreensão da educação que vai além do seu diletantismo, defendido por muitos professores que não desejam ser medidos em seu conhecimento pelo valor econômico, mas não querem nunca, segundo eles, receberem menos do que valem.
Os benefícios, para o consumo, advindos da instrução, não são, de nenhum modo, menos valiosos, unicamente porque se tornou conhecida, também, a existências de outras vantagens dela decorrentes, que elevam a produção e os salários futuros. (Theorore Schultz, 1973, p. 67.)
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