Do rolé ao rolex - o homem da multidão
Em seu brilhante conto, Edgar Alan Poe está tranquilo em seu café quando avista nas ruas de Londres lotada um homem com aparência estranha e, tomado de curiosidade, começa a segui-lo. Por ruas e becos, ele o persegue aumentando a cada vez a sua curiosidade e o suspense por saber onde este homem iria. Seria um ladrão? Um assassino? O que estaria procurando andando assim tão aturdido?
O desfecho da história demonstra o apogeu da modernidade no que diz respeito ao tipo de homem que ela produzira: o homem da multidão, que dá voltas em desatino sem destino algum, apenas dando um rolé. Um homem em que seus passos apressados sempre está em busca de alguma coisa imperscrutável, insondável, que, por vezes, atemoriza e põe enfermo aqueles que o tentam compreender. Este homem, diz Poe, é um homem que se nega a ficar sozinho e vaga entre as pessoas e lugares para dar um sentido à sua vida que é estar em constante movimento.
Este homem da multidão foi criado especificamente pela geometria dos centros das cidades, geralmente circulares, e têm hoje em dia nos shopping centers sua mistificação. São nestes lugares que ele se encontra com milhares para seu giro habitual, seu rolé, olhando vitrines, pessoas, coisas, comprando às vezes, mas sempre entre a multidão como um cardume de pequenos peixes a singrar os mares, parando apenas para comer um pouco, em geral às pressas, fazendo da comida um passeio pelo corpo, sem muito apreço. Deglutindo-a como um flâneur digestivo.
O homem da multidão não porém tem um rosto, com traços muito característicos como bem notou Poe nos passantes de Londres, descrevendo cada grupo social que passava à sua frente até se perder naquele que mais lhe chamou a atenção. Cada grupo representa uma classe, um status social, um devir de corpos com insígnias que lhe são próprias e que, juntas, tem como único objetivo o rolé, a volta, o passeio, o giro por aí. E, assim, girando todos vão se encontrando até que alguém ou algo os impeça de continuar seu devaneio particular.
Entre rolés, o homem vai fazendo a vida passar sem objetivo e sem destino. Ele caminha seguindo a todos e a ninguém em seu rolezinho. O que deseja este homem? O que ele procura em seu rolé? Quem sabe um Rolex para dar sentido à sua vida.
O desfecho da história demonstra o apogeu da modernidade no que diz respeito ao tipo de homem que ela produzira: o homem da multidão, que dá voltas em desatino sem destino algum, apenas dando um rolé. Um homem em que seus passos apressados sempre está em busca de alguma coisa imperscrutável, insondável, que, por vezes, atemoriza e põe enfermo aqueles que o tentam compreender. Este homem, diz Poe, é um homem que se nega a ficar sozinho e vaga entre as pessoas e lugares para dar um sentido à sua vida que é estar em constante movimento.
Este homem da multidão foi criado especificamente pela geometria dos centros das cidades, geralmente circulares, e têm hoje em dia nos shopping centers sua mistificação. São nestes lugares que ele se encontra com milhares para seu giro habitual, seu rolé, olhando vitrines, pessoas, coisas, comprando às vezes, mas sempre entre a multidão como um cardume de pequenos peixes a singrar os mares, parando apenas para comer um pouco, em geral às pressas, fazendo da comida um passeio pelo corpo, sem muito apreço. Deglutindo-a como um flâneur digestivo.
O homem da multidão não porém tem um rosto, com traços muito característicos como bem notou Poe nos passantes de Londres, descrevendo cada grupo social que passava à sua frente até se perder naquele que mais lhe chamou a atenção. Cada grupo representa uma classe, um status social, um devir de corpos com insígnias que lhe são próprias e que, juntas, tem como único objetivo o rolé, a volta, o passeio, o giro por aí. E, assim, girando todos vão se encontrando até que alguém ou algo os impeça de continuar seu devaneio particular.
Entre rolés, o homem vai fazendo a vida passar sem objetivo e sem destino. Ele caminha seguindo a todos e a ninguém em seu rolezinho. O que deseja este homem? O que ele procura em seu rolé? Quem sabe um Rolex para dar sentido à sua vida.
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