Quando o melhor a fazer é o não-fazer
Enquanto disciplina filosófica, a ética tem como principal preocupação o agir humano o que isto acontece desde que Sócrates voltou o pensamento filosófico para o homem inquerindo-o em suas ações cotidianas, examinando a vida dos homens em seu fazer. Neste sentido, a filosofia sempre buscou através da ética voltar os seus pensamentos para o fazer alguma ação cujo determinado momento fosse o melhor a ser feito, o perfeito, aquilo que, como diz Aristóteles em sua Ética a Nicômaco, deve nos levar ao bem ou ao sumo bem, isto é, a felicidade.
Este pensamento ético iniciado com os gregos é o protótipo da subjetividade do homem moderno cujo fazer é imperativo à sua condição social relacionada diretamente ao trabalho, tornando-se equivalente mesmo a este, de modo que quando dizemos que estamos fazendo algo estamos dizendo que estamos trabalhando. Ao mesmo tempo, porém, que o fazer adquire a condição de trabalho na modernidade algo muda em relação à ação propriamente grega cujo fazer era voltado para a ética, pois o fazer que é ação convertido em trabalho não pressupõe nenhum momento em que se deve parar de fazer, isto é, simplesmente, um não-fazer. Isto porque a produção propriamente moderna de conhecimento, de produtos, de mercadorias, de arte, impõe o fazer como sua condição humana ao ponto de instituir o homo faber como sua própria natureza, a causa de sua existência. Paul Lafargue, cunhado de Marx em seu texto Direito à preguiça pressentiu de modo irônico o problema ao exigir aos trabalhadores um momento em que os homens deixassem de trabalhar ou de fazer alguma coisa fizesse parte da existência humana, antecipando o futuro conceito médico de stress no qual se evidencia o esgotamento das forças corpóreas e psíquicas humanas por conta do fazer constante. E o próprio Marx em seu livro A ideologia humana em sua análise da existência humana num comunismo futuro propõe que, com a emancipação do homem em relação ao modo de produção capitalista, o homem ora faça algo, pesque, por exemplo, realize um trabalho propriamente dito, ora leia um livro, ora faça qualquer outra coisa, dispondo à sua maneira sua existência.
Porém, mesmo em seu radicalismo, tanto Lafargue como Marx, como nenhum outro pensamento moderno, proporia o não-fazer como o melhor a fazer em um determinado momento. Nenhum deles pressupôs uma parada total da ação, uma inação, uma inércia no fazer como o melhor a ser feito. Nenhum deles parou, pois, inerte, catártico, inesperadamente, sem a menor predisposição para isto como Sócrates o fazia entre os gregos provocando espanto e risos entre estes e como fez diante do tribunal que o incriminava, preferindo a morte a uma pena branda para o seu crime. Ou seja, nenhum deles pressupôs o não-fazer como condição também da ética, do melhor a ser feito para se alcançar o bem ou o sumo bem. Um não-fazer que é própria práxis do pensamento ético, a parada pra pensar, a calmaria diante do turbilhão de coisas que estão acontecendo, a temperança, o meio-termo, diria Aristóteles, como inação entre duas ações, o excesso e a falta, ou a ataraxia helenística como condição de uma existência ética.
De um modo ou de outro, a suspensão do homo faber pelo homo sem faber, algo que dificilmente fazemos hoje em dia, mas que devemos exercitar constantemente, contradizendo deste modo a própria palavra exercício, relembrando o que, um dia foi o significado da palavra academia, isto é, um lugar onde se exercita o pensamento e não os músculos. Pois como disse um grande filósofo, muitas vezes o mal da gente é o sono, como o do meu filho só precisava dormir para se acalmar um pouco, ou ainda, como diz Lenine em sua música Paciência.
Mesmo quando tudo pede
Um pouco mais de calma
Até quando o corpo pede
Um pouco mais de alma
A vida não para...
Enquanto o tempo
Acelera e pede pressa
Eu me recuso faço hora
Vou na valsa
A vida é tão rara...
Enquanto todo mundo
Espera a cura do mal
E a loucura finge
Que isso tudo é normal
Eu finjo ter paciência...
O mundo vai girando
Cada vez mais veloz
A gente espera do mundo
E o mundo espera de nós
Um pouco mais de paciência...
Será que é tempo
Que lhe falta para perceber?
Será que temos esse tempo
Para perder?
E quem quer saber?
A vida é tão rara
Tão rara...
Mesmo quando tudo pede
Um pouco mais de calma
Até quando o corpo pede
Um pouco mais de alma
Eu sei, a vida não para
A vida não para não...
Será que é tempo
Que lhe falta para perceber?
Será que temos esse tempo
Para perder?
E quem quer saber?
A vida é tão rara
Tão rara...
Mesmo quando tudo pede
Um pouco mais de calma
Até quando o corpo pede
Um pouco mais de alma
Eu sei, a vida não para
A vida não para...
A vida não para...
Este pensamento ético iniciado com os gregos é o protótipo da subjetividade do homem moderno cujo fazer é imperativo à sua condição social relacionada diretamente ao trabalho, tornando-se equivalente mesmo a este, de modo que quando dizemos que estamos fazendo algo estamos dizendo que estamos trabalhando. Ao mesmo tempo, porém, que o fazer adquire a condição de trabalho na modernidade algo muda em relação à ação propriamente grega cujo fazer era voltado para a ética, pois o fazer que é ação convertido em trabalho não pressupõe nenhum momento em que se deve parar de fazer, isto é, simplesmente, um não-fazer. Isto porque a produção propriamente moderna de conhecimento, de produtos, de mercadorias, de arte, impõe o fazer como sua condição humana ao ponto de instituir o homo faber como sua própria natureza, a causa de sua existência. Paul Lafargue, cunhado de Marx em seu texto Direito à preguiça pressentiu de modo irônico o problema ao exigir aos trabalhadores um momento em que os homens deixassem de trabalhar ou de fazer alguma coisa fizesse parte da existência humana, antecipando o futuro conceito médico de stress no qual se evidencia o esgotamento das forças corpóreas e psíquicas humanas por conta do fazer constante. E o próprio Marx em seu livro A ideologia humana em sua análise da existência humana num comunismo futuro propõe que, com a emancipação do homem em relação ao modo de produção capitalista, o homem ora faça algo, pesque, por exemplo, realize um trabalho propriamente dito, ora leia um livro, ora faça qualquer outra coisa, dispondo à sua maneira sua existência.
Porém, mesmo em seu radicalismo, tanto Lafargue como Marx, como nenhum outro pensamento moderno, proporia o não-fazer como o melhor a fazer em um determinado momento. Nenhum deles pressupôs uma parada total da ação, uma inação, uma inércia no fazer como o melhor a ser feito. Nenhum deles parou, pois, inerte, catártico, inesperadamente, sem a menor predisposição para isto como Sócrates o fazia entre os gregos provocando espanto e risos entre estes e como fez diante do tribunal que o incriminava, preferindo a morte a uma pena branda para o seu crime. Ou seja, nenhum deles pressupôs o não-fazer como condição também da ética, do melhor a ser feito para se alcançar o bem ou o sumo bem. Um não-fazer que é própria práxis do pensamento ético, a parada pra pensar, a calmaria diante do turbilhão de coisas que estão acontecendo, a temperança, o meio-termo, diria Aristóteles, como inação entre duas ações, o excesso e a falta, ou a ataraxia helenística como condição de uma existência ética.
De um modo ou de outro, a suspensão do homo faber pelo homo sem faber, algo que dificilmente fazemos hoje em dia, mas que devemos exercitar constantemente, contradizendo deste modo a própria palavra exercício, relembrando o que, um dia foi o significado da palavra academia, isto é, um lugar onde se exercita o pensamento e não os músculos. Pois como disse um grande filósofo, muitas vezes o mal da gente é o sono, como o do meu filho só precisava dormir para se acalmar um pouco, ou ainda, como diz Lenine em sua música Paciência.
Mesmo quando tudo pede
Até quando o corpo pede
Um pouco mais de alma
A vida não para...
Enquanto o tempo
Acelera e pede pressa
Eu me recuso faço hora
Vou na valsa
A vida é tão rara...
Enquanto todo mundo
Espera a cura do mal
E a loucura finge
Que isso tudo é normal
Eu finjo ter paciência...
O mundo vai girando
Cada vez mais veloz
A gente espera do mundo
E o mundo espera de nós
Um pouco mais de paciência...
Será que é tempo
Que lhe falta para perceber?
Será que temos esse tempo
Para perder?
E quem quer saber?
A vida é tão rara
Tão rara...
Mesmo quando tudo pede
Um pouco mais de calma
Até quando o corpo pede
Um pouco mais de alma
Eu sei, a vida não para
A vida não para não...
Será que é tempo
Que lhe falta para perceber?
Será que temos esse tempo
Para perder?
E quem quer saber?
A vida é tão rara
Tão rara...
Mesmo quando tudo pede
Um pouco mais de calma
Até quando o corpo pede
Um pouco mais de alma
Eu sei, a vida não para
A vida não para...
A vida não para...
Nenhum comentário: