A maçã de Steve Jobs
A maçã, esta fruta, mais uma vez muda a história.
Uma mordida nela tirou o homem e a mulher do paraíso, segundo a crença cristã, e os relegou à vida mundana, o primeiro obrigado ao trabalho forçado para sobreviver e a segunda à reprodução não menos necessária à nossa sobrevivência.
Como se não bastasse este fato, a maçã que relegou todos ao ostracismo paradisíaco, fez que esta mesma crença sofresse o seu maior revés histórico, quando, segundo a crença, agora, moderna, teria caído na cabeça de Isaac Newton. Pois, ao observar seu movimento descobriu que é o mesmo de tudo que existe em volta da Terra devido a uma força dela em relação a todos os seres a qual, muito propiciamente, foi denominada de força de Gravidade. Como se fosse ela mesma o fruto parido da árvore grávida, a maçã enviada novamente ao homem para que se redimisse de seu pecado capital a partir do conhecimento que, um dia, o havia expulso do paraíso.
Apesar destes fatos poderem ser contestáveis, não podemos negar que nos vemos hoje novamente diante de uma maçã a mudar a história. Não mais uma maçã mítica, tão pouco uma maçã científica comprovada em sua queda quanto à força da gravidade que a pende à Terra que é a mesma para todos os corpos, mas uma maçã que é o símbolo de uma nova fase da humanidade, como as duas anteriormente o foram, símbolo não mais de uma crença ou conhecimento científico, mas de uma vida dedicada à tecnologia como foi a de Steve Jobs, que é não por menos a de muitos hoje em dia.
Um símbolo não da expulsão do homem ao paraíso, tão pouco de sua possibilidade de retorno a ele, mas de uma vida que muda a cada avanço tecnológico, a cada nova descoberta de um meio novo de linguagem, cada vez mais universal a despeito de qualquer particularidade ou singularismo. Uma linguagem cujo significado não sabemos, mas utilizamos a todo instante para nos expressar de um modo como nunca nos expressamos. Universal, pois, por sua utilização muito mais do que sua compreensão tal como requer que seja toda linguagem, útil, porém, incompreensível em seus mínimos detalhes de configuração técnica e circunstancial.
Até então, a maçã mordida que se vê em muitos computadores somente era percebida por aqueles que dominam sua linguagem ou a exibiam como símbolo de status social e econômico. Porém, hoje, deixou de ser um objeto inerte de decoração para ser a mais pura representação de nossa época, graças a um estudante de designe de Hong Kong, Jonathan Mak que imortalizou Steve Jobs na logo da Apple, sua empresa, que aqui deve ser lida no sentido renascentista de Vico, como marca de uma invenção de gênio.
Logo. O que era uma palavra (o logos grego), hoje se tornou uma imagem, numa clara demonstração da mudança dos tempos. Uma mudança representada na imagem acima de Mak, que não simplesmente homenageia Steve Jobs, mas nos expõe na realidade, neste momento, diante de qualquer computador, criado ou não por ele. Somos a representação Steve Jobs na maçã acima. Podemos perceber nossos braços sinuosamente se estendendo na parte de baixo da imagem como se manipulássemos o mouse mudando a realidade a nossa frente em apenas um click, se não totalmente, pelo menos parcialmente como ele um dia mudou.
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